C?mara Legislativa promove debate sobre a Lei do Sil?ncio.Foto: Leila Negalaize Lz

Com ?nimos acirrados, interessados na manuten??o e na mudan?a da atual lei expressaram preocupa??es e defenderam ideias ?tore Medeiros, da Ag?ncia Bras?lia

17/06/2015 10:14

Foto: Gabriel Jabur/Agência BrasíliaCâmara Legislativa promove debate sobre a Lei do Silêncio
 

Integrantes do governo de Brasília, produtores culturais, artistas, religiosos e outros representantes da sociedade civil debateram nesta terça-feira (16) possíveis mudanças na Lei nº 4.092, de 2008, conhecida como Lei do Silêncio, que regula a emissão de sons e ruídos resultantes de atividades urbanas e rurais no Distrito Federal. A discussão ocupou o plenário da Câmara Legislativa do DF durante toda a manhã e foi proposta pelo deputado Ricardo Vale (PT), autor do Projeto de Lei nº 445, de 2015, que pretende revisar a norma vigente.

Tenso na maior parte do tempo e permeado por vaias e aplausos, o debate apontou problemas no cumprimento da atual legislação, assim como no texto que propõe alterá-la. Artistas e representantes religiosos se queixaram sobretudo dos limites atuais para a emissão sonora, os quais consideram baixos, enquanto moradores reclamaram do não cumprimento dos parâmetros.

Integrantes do governo afirmaram que as atuais restrições à poluição sonora devem ser respeitadas, mas que algumas medidas podem facilitar a solução dos conflitos. "Esse Fla-Flu não interessa a ninguém. Temos de buscar uma legislação que atenda a todos — o que não se fará com paixão, mas com inteligência e estudo", alegou o secretário de Cultura, Guilherme Reis. "Só vamos resolver o problema se todos estiverem dispostos a ceder um pouco para chegarmos a um consenso", concordou o secretário de Turismo, Jaime Recena.

O governo de Brasília tem um grupo de trabalho para debater a poluição sonora, do qual participam agentes culturais e engenheiros acústicos. Reis deu exemplos de propostas discutidas no colegiado, como o estabelecimento de parâmetros diferenciados de tolerância conforme o local, o horário ou o dia da semana. O secretário do Meio Ambiente, André Lima, ressaltou que o Executivo local não é favorável à mudança da lei nem contra, mas que o objetivo principal é achar soluções que pacifiquem os conflitos constatados no dia a dia. Ele citou ainda a possibilidade de financiamento, por meio do Banco de Brasília, de melhorias de isolamento acústico nos estabelecimentos.

A presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Jane Vilas Bôas, esclareceu que o órgão não fiscaliza seletivamente, mas conforme o recebimento de denúncias. Ela contou que a maior parte das multas por poluição sonora aplicadas pelo instituto nos últimos anos foi para empreendimentos de Ceilândia, e a região com mais advertências é Taguatinga. Jane elencou ainda estabelecimentos comerciais e religiosos que, advertidos, fizeram adequações acústicas e evitaram a aplicação de penalidade.

DivergênciasO deputado Ricardo Vale reclamou da intolerância e do individualismo da sociedade, tanto por parte de moradores quanto de proprietários de estabelecimentos, e pregou o diálogo para a solução do impasse. "Existe um problema na cidade trazido por essa lei, e a gente precisa discuti-la", justificou o autor do PL 445, queixando-se do fechamento de bares, restaurantes e igrejas que ultrapassam os limites atualmente estabelecidos para a emissão de ruído. Ele salientou ainda que o projeto de lei pode ser alterado por outros parlamentares ao longo da tramitação.

"Esta lei nasceu de um projeto absurdo, sem discussão, e está afetando as nossas vidas", lamentou o pianista Rênio Quintas, lembrando da rápida tramitação da Lei do Silêncio, sancionada em 2008. A flautista Gabriela Tunes, do movimento Quem desligou o som?, apresentou levantamento segundo o qual muitas cidades do Brasil e do mundo adotam parâmetros de ruído mais elevados do que os aplicados em Brasília. "Isso mostra que não é nada fora de propósito sugerirmos um aumento no limite de decibéis",defendeu. "Reconhecemos o direito das pessoas de dormirem, de terem silêncio, mas proteger o incomodado não é amordaçar o emissor."

O físico e pesquisador em acústica ambiental Sérgio Garavelli frisou a necessidade de fundamentação e embasamento antes de qualquer alteração. "Não podemos perder de vista as pesquisas científicas e os resultados que elas indicam", afirmou, alertando que a Organização Mundial da Saúde indica que a poluição sonora deve ser tratada como uma questão de saúde pública.

Veja a galeria de fotos:

  

Compartilhas Noticia

Tags

Comentários

Comentários

Escrever Comentário

46322

Subscribe to see what we're thinking

Subscribe to get access to premium content or contact us if you have any questions.

Subscribe Now