Natural de Teresina – PI, Francisco Claudio da Silva, tem sua vida pautada na luta pelo desenvolvimento social nacional. Atuante nos movimentos político/social/cultural, já foi diretor sindical o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SAE), assim como a Associação de Assistência aos Servidores da Fundação Educacional do Distrito Federal (ASEFE-DF), desde sempre tem suas ações baseadas na bandeira de causas de esquerda, além disso, atuou ainda junto ao grupo FERROCK, à diretoria de Cultura da Ceilândia e contribuiu como organizador da VIRADA CULTURAL no Espaço Cultural Túnel do Tempo e tem um trabalho publicado no livro CEILÂNDIA IN VERSOS, promovido pela Administração de Ceilândia.
Mas Claudio Cristus, como é conhecido, vai além disso. Poeta, assina dois livros de sua autoria - VOZ E ALMA (1993) e em TERNURA E PECADO (1997).
Dedica-se atualmente, às artes plásticas, mais especificamente ao MOSAICO DE VIDRO. Com suas primeiras 30 peças, tem como foco a reprodução de imagens, organizou sua primeira exposição MOSAICO DE VIDRO, em março de 2019, no espaço alternativo em Ceilândia sul, TROPICAL BEER, com mais de 170 pessoas.
A pandemia serviu de inspiração para projetar e desenhar o seu mais recente projeto, pautado no abstrato e palíndromos. Ambas, paixões desde a adolescência!
Surge, assim, a exposição PALÍNDROMOS ABSTRATOS. Um trabalho livre de pensamentos, mas cheio do conteúdo imaginário, impactante e provocante, em uma série de 33 quadros, que estreia dia 14 outubro de 2021, às 19 h, no Skina Rock Bar, Ceilândia sul.
Com o Jornal Olho de Águia, que busca apoiar todos os artistas de nossa capital e entorno, Claudio Cristos teve um bate-papo leve, tranquilo e divertido sobre este mais recente trabalho, veja!
Claudio, boa tarde! Ouvindo você contar um pouco de sua historia, dá para perceber de cara que sua vida é pautada na luta de classes e melhoria de vida para os setores mais fragilizados de nossa sociedade. Como esse sentimento influi em suas obras?
Udson, boa tarde! Influi de firma muito direta, sem rodeios. Ainda estudante em Teresina, militei no movimento estudantil. Daí já vinha essa veia revolucionária, mas amava escrever e rabiscar desenhos abstratos. A luta é constante, a arte é eterna e um artista por natureza não tem o direito de parar ante todos esses aspectos sócias que vivemos.
Como se faz esse processo criativo? A ideia inicial para a criação de uma peça surge do “nada” ou vem de alguma notícia ou algo que percebe no seu cotidiano?
Esse processo criativo é demandado de tudo que vivemos sob todos os aspectos. Esse trabalho nasce a partir da inspiração em desenhos que vou criando, mas também da realidade. Tenho quadros que simbolizam tragédia, por exemplo a que aconteceu no Rio de Janeiro, onde um carro com uma família negra foi baleada com 80 tiros, então me senti na obrigação de representar essa tragédia. O quadro chama-se 80 tiros. Nele as mãos de uma família negra e os 80 pontos pretos representando as balas, retrata a vil situação.
E a poesia, de alguma maneira, esse lado escritor acompanha o artista plástico?
A poesia vem trazer para esse trabalho a simetria, a leveza das linhas, a suavidade do traço. Tem quadro que denota claramente a uma poesia. Cada quadro também é uma inspiração poética.
Conta para gente, como é ser artista plástico em Brasília?
Ser artista em Brasília, talvez seja mais fácil que em outros estados, pois estamos na capital do país, porém vivemos temos terríveis, onde por mais que as pessoas apreciem, se encantem, ou queiram, elas têm prioridades bem maiores, e isso dificulta o trabalho do artista. Ser artista é ser um militante gratuito para o povo. Os custos existem e não são poucos, existe a questão da logística e em meio a tudo isso, no momento, uma pandemia, que impede a dois anos a aglomerações, mas de alguma forma, começa a abrir caminho para as exposições.
Tem alguma dica para quem planeja iniciar sua careira como artista plástico?
Para quem quer começar, minha primeira dica é seja realmente apaixonado pelo que quer fazer, assim, ainda que o retorno demore, mas você vai continuar apaixonado.