O “Ócio” Positivo de Lula
Boécio, preso, aguardando a execução, escreveu “A Consolação da Filosofia,
legando-nos uma das maiores obras da Filosofia.
Miguel de Cervantes, preso, escreveu “Dom Quixote”, uma das maiores obras
da literatura mundial.
Graciliano Ramos, preso no Estado Novo, em um processo reconhecidamente
kafkiano, legou-nos a grandiosa obra “Memórias do Cárcere.”
Na monumental obra “O Conde de Monte Cristo”, Edmond Dantès, preso
injustamente em uma trapaça de desafetos, aproveitou a clausura na masmorra para
adquirir conhecimento, fundamental para contrapor-se posteriormente aos
responsáveis por seu infortúnio.
Lula, que ficou quase dois anos preso, já declarou que aproveitou esse período
para mergulhar na leitura, muita leitura. Hoje, ao contrário de antes, quando chegava
mesmo a afirmar publicamente que não cultivava o hábito da leitura, faz constantes
citações de obras literárias em suas entrevistas, revelando que transformou o ócio da
clausura naquilo que outrora se chamava “ócio positivo”. Aqui, vale a indagação: será
que, futuramente, LULA vai legar-nos um “Memórias do Cárcere?”.
Assim como Boécio, Cervantes, Graciliano ou o personagem fictício Edmond
Dantès, de Alexandre Dumas, a prisão, ao invés de humilhar e desconstruir, apenas
tornou LULA ainda maior do que já era.
Texto: Gil Silva.(