-- A história foi publicada no Dpreview, mas acho que 90% de quem trabalha com fotografia e começou do zero vai se identificar com as circunstâncias. Sei que existem fotógrafos que começam a carreira com os melhores equipamentos e um estúdio bem situado, mas se você não é um destes Semi-Deuses e teve que ralar, como eu, desde a primeira câmera reflex (no meu caso uma de filme), então você vai sentir que o fotógrafo portuguêsDaniel Rodrigues é um dos nossos e teve o privilégio de continuar na carreira fotográfica por uma cartada do destino.
Daniel é fotojornalista freelancer e se viu em graves problemas financeiros no ano de 2012. Sabe quando a coisa aperta e não tem para onde correr? Então, ele se viu forçado a dispensar funcionários de sua pequena agência e cortar custos. Como a coisa ficou muito feia chegou àquela hora de tomar uma decisão que literalmente corta o coração de qualquer fotógrafo que leva a profissão com paixão: vender o equipamento para pagar as contas e comprar comida. Pode parecer uma coisa extrema, mas o Mercado Livre e os fóruns de fotografia estão cheios de anúncios de equipamentos por preços baixos de gente que precisa desesperadamente de dinheiro.
A vida de fotógrafo estava acabada para Daniel Rodrigues, pelo menos por um bom tempo, mas o destino quis intervir na história e deu um grande presente para ele. Apenas alguns meses depois de ter se desfeito de seu equipamento, uma de suas fotos ganhou o primeiro lugar no World Press Photo na categoria Vida Quotidiana. A foto foi feita em uma aldeia de Guiné-Bissau durante uma ação humanitária de que ele fazia parte e mostra adolescentes em uma partida de futebol improvisada. E o que rendeu para o rapaz todo o prestigio de ganhar o mais importante concurso de fotografia jornalística do mundo? O patrocínio de um banco local e da Canon que o equipou agora com uma Canon EOS 5D Mark III, lentes e acessórios, além de agora estar trabalhando em um projeto do governo de Lisboa.Nada mal para quem estava no fundo do poço. Talvez essa seja uma lição que nos leva a nunca deixar de acreditar, por mais que a realidade diga para você que não é possível.Fonte:http://meiobit.com/
O português Daniel Rodrigues, de 25 anos, venceu o World Press Photo, na categoria “Daily Life”. A vida do fotógrafo de Famalicão deu nova reviravolta em poucas horas.
Daniel está desempregado desde Setembro, altura em que desistiu do foto-jornalismo por se encontrar numa situação de emprego precário e vendeu o material fotográfico “para conseguir sobreviver”, mas a fotografia que tirou de crianças a jogar à bola na aldeia de Dulombi, na Guiné-Bissau, já está a mudar-lhe a vida.
“Sempre quis ganhar o World Press Photo, mas nem acredito no que aconteceu. Foi a primeira vez que concorri. E foi um colega meu que me ligou de manhã. Eu ainda não sabia porque não tinha visto o email“, diz Daniel Rodrigues ao P24.
“Pelos vistos, parece que agora a Canon Portugal vai disponibilizar-me uma 6D e uma 24-75″, conta, explicando que trabalhou “como freelancer, a recibos verdes” até perceber que “não compensava”.
“Desisti e tentei encontrar emprego noutra área. Pensei inclusive em ir para fora do país, mas seria sempre para fazer outra coisa porque já não tinha material”. O prestigiado prémio que acaba de vencer, e que corresponde a um valor pecuniário de 1.500 euros, vai ajudá-lo a começar de novo.
A fotografia com que venceu o World Press Photo foi tirada em Março de 2012, na aldeia de Dulombi, na Guiné-Bissau, numa missão humanitária – a Missão Dulombi.
Estava na Guiné-Bissau há 2 dias e, quando chegou à aldeia aonde regressavam, pela primeira vez desde a guerra colonial, 2 ex-combatentes portugueses, viu as crianças a jogar à bola e juntou-se a elas. “Quando lá fui, estavam há mais de um ano sem aulas por causa da situação que o país atravessava”, recorda Daniel.
Daniel Rodrigues concorreu ao World Press Photo com outras fotografias, mas foi esta que mereceu a atenção do juri internacional. “Estive um mês e 15 dias fora porque fui um dos portugueses que ficaram retidos no Mali, no golpe de Estado. Concorri com outras fotos do futebol, era um portefólio, mas à categoria de Desporto, com uma reportagem fotográfica sobre o Hospital de Galomaro, onde ficámos a dormir, com retratos de África, com fotos do golpe no Mali e fotos da vida quotidiana num sítio da Guiné-Bissau chamado Saltinho”, conta.
Apaixonado pelo continente africano, Daniel Rodrigues – que estagiou no Correio da Manhã, depois de ter estudado no Instituto Português de Fotografia, e passou recentemente pela Global Imagens, onde fotografou sobretudo para o Jornal de Notícias no Porto e no Norte –, acompanhou o grupo humanitário no Mali, onde ficaram retidos na sequência da tomada do Aeroporto de Bamako por militares.
“O meu sonho sempre foi ir a África. Surgiu a oportunidade de acompanhar a Missão Dulombi e eu aproveitei”, recorda Daniel, que, “se não arranjar emprego”, se juntará a uma nova missão em Dulombi, com início a 7 de Março.