-- Última semana para assistir Nascentes, da Cia Alaya Dança
Apresentações gratuitas em Taguatinga e Ceilândia encerram a temporada, que tem patrocínio da lei de
Incentivo à Cultura, O Boticário na Dança e Secretaria de Cultura do Governo de Brasília.
A Cia Alaya Dança encerra esta semana a temporada do espetáculo Nascentes –
Circulação em apresentações gratuitas em Taguatinga, dias 6 e 7, no teatro SESC Paulo
Autran, em Ceilândia, dias 9 e 10 de outubro, no teatro SESC Newton Rossi, sempre às
20h.
Resultado de um mergulho nas fontes da criação, Nascentes surgiu a partir de
percepções, sensações, sentimentos e memórias de cada um dos intérpretes criadores
que estarão em cena. Ao estabelecer contato com essas matrizes criadoras, os
dançarinos geraram formas e movimentos reveladores de um longo processo de
experimentação vivenciado nos últimos meses.
A esses estímulos básicos, a coreógrafa da companhia, Lenora Lobo agregou a música
original de João de Bruçó e a cenografia da artista plástica Ione Coelho como
elementos inspiradores da dramaturgia, tecida com a participação da intérprete
criadora Aida Cruz. “As expressões e linguagens artísticas misturaram-se à criação, e
tudo passou a fazer parte da dança”, comenta a criadora Lenora Lobo, que está há 25
anos à frente da companhia.
O espetáculo Nascentes traz uma pegada contemporânea com uma composição cênica
mais próxima de uma dança abstrata, diferenciando-se do repertório anterior da Cia
Alaya. O desafio foi o de aproximar os dançarinos da verdadeira natureza da dança,
que firma-se no tripé corpo-espaço-tempo.
“A coreografia se configura por delicadezas que revelam temas já tratados pela Alaya,
como questões da dança nossa – local e regional. Trabalhadas por um pensamento, de
fato, contemporâneo, por apresentarem invenção, decomposição e síntese, nos
trazem a escrita autoral de Lenora Lobo”, comenta a pesquisadora-professora do Instituto
de Artes da UNICAMP, autora e ensaísta Cássia Navas.
Indo sempre além das composições coreográficas, a Cia Alaya também celebra este
ano seus 25 anos de criação. Ao longo desse período, participou dos mais importantes
festivais de dança nacionais, porém sempre atenta às oportunidades de levar um
pouco mais do que somente a dança aos palcos por onde passou.
A temporada tem patrocínio da lei de Incentivo à Cultura, O Boticário na Dança e
Secretaria de Cultura do Governo de Brasília. A Arteviva Produções é a produtora do
projeto. A direção Artística é de Lenora Lobo.
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SERVIÇO
Espetáculo: Nascentes
Indicação: livre
Apresentações gratuitas.
Locais e datas:
Taguatinga
Dias 6 e 7 de outubro (terça e quarta)
Horário: 20h
Local: Teatro SESC Paulo Autran
Ceilândia
Dias 9 e 10 de outubro (sexta e sábado)
Horário: 20h
Local: Teatro SESC Newton Rossi
Respire NASCENTES, pulsar sutil da arte contemporânea
Cássia Navas. Pesquisadora-professora do Instituto de Artes, UNICAMP, escritora e ensaísta.
No ano em que comemora 25 anos, a Companhia Alaya trouxe ao público mais
uma criação: NASCENTES. Interessante nome de obra a apontar para
nascimento, no momento em que o grupo tem muito caminho andado, a partir do
trabalho de sua coreógrafa Lenora Lobo, nesta obra ladeada por dois de seus
colaboradores: Aida Cruz e Alexandre Nascimento.
No Alaya, para se dançar as nascentes e os rios da criação, os pontos de partida
sempre foram os mestres da dança de Lobo – Rudolf Laban, Klauss Vianna e
mestres-brincantes das danças do Brasil –, mas também a dança de cada
intérprete, em investigação onde suas origens – terra natal, bagagem corporal e
experiência cênica – são trazidos ao palco pelo que cada corpo carrega.
Em 2015, Lobo novamente explora estas “nascentes”, que subjazem a sua
trajetória e às trajetórias de bailarinos que a acompanham na estruturação, em
permanência, de um método original, trabalhado em dois livros e em DVD já
lançados- o “teatro do movimento, um método para o intérprete-criador”.
Neste novo trabalho, em pesquisa esmiuçada, a busca de “nascentes” foi
elaborada com um sentido: o mergulho nas fontes da criação, misterioso ponto
de origem de toda a arte. Mistérios que podemos entrever na sutileza desta
coreografia, que se apresenta como capítulos dum livro sem palavras, em
páginas que se movimentam a partir de sínteses do que a dança pode contar –
por cada um e entre todos – em figurinos e iluminação essenciais.
Ilustrando estas páginas, temos os preciosos elementos de cena que remetem ao
espiralar da vida e da pesquisa de um “ teatro do movimento”. São como corpos
cênicos a acompanhar os intérpretes de outros “corpos da arte”, como os da
música.
De grande qualidade cênica, ela se integra à obra, sem apresentar um
protagonismo em si. É quase uma música-dança, posto ter sido composta por um
compositor imbricado em procedimentos do dançar – João de Bruçó-, com quem
Lobo estabelece um trabalho de transdisciplinaridade.
A coreografia se configura por delicadezas que revelam temas já tratados pela
Alaya, como questões da dança nossa – local e regional. Trabalhadas por um
pensamento, de fato, contemporâneo, por apresentarem invenção, decomposição
e síntese, nos trazem a escrita autoral de Lenora Lobo.
Esta escritura não é somente pele que recobre o trabalho de todos, intérpretes e
músicos, mas também uma musculatura coreográfica que pulsa sob esta pele,
rede criativa a envolver, em movimento, as cenas da obra.
Num mar de espetáculos onde a verborragia de movimentos e de ações, muitas
vezes somente desarticuladas pelo desejo de ser atual, NASCENTES é um
momento de respiração, uma parada que inspira o debate sobre as origens da
arte contemporânea e o seu futuro.
Tempo de maturidade de uma criadora e de uma companhia de dança que toma
e retoma as suas nascentes. Imperdível!