A maior parte de seus restantes
A nuvem de telas criada por Clarice Gonçalves se condensa no feminino. Este é um tema constante em suas obras; amadurecendo constantemente, levando a pintora a revisitar um mesmo assunto diversas vezes, sem esgotar(-se). O Hotel Galeria acolhe a artista em seu espaço, onde, na disposição das pinturas, é visível um avizinhamento de imagens. Essa disposição permite a percepção de que a junção de trabalhos funciona tanto em sua singularidade, pela força de cada um de seus elementos, quanto pelo seu coletivo, que suscita novas interpretações desse corpus.
Outro elemento importante da montagem inusitada para a pintura é o tempo, que ressignifica a tela. A artista traz a experiência de seu atelier, onde convive tanto com obras antigas como com obras recentes. Nesse espaço, Clarice costuma deixar a tela de costas para o olhar e para o mundo, a fim de alcançar maior profundidade, e não apenas um sentimento momentâneo. Assim, acalma a obsessão pelo produto final e, numa suspensão de si, admira sua produção. Nesse momento ela monta o cenário para a resolução do conflito de aceitação entre criador e criatura.
A artista trata suas pinturas com pinceladas precisas, superfícies de cor e paleta própria sobre o mundo, mas, para criar texturas nas imagens, se utiliza de tintas diluídas, ao ponto de conseguir fazê-las escorrer na tela. Ela é uma pintora figurativa que se contrapõe ao rigor do realismo fotográfico. O acervo imagético da artista se constitui por fotografias; a plasticidade a afasta da obrigação de acompanhar o realismo fotográfico e os formatos padrão institucionalizados pela tradição da pintura. Aliás, sua forma de dar título às obras também foge ao lugar-comum, visto que os nomes se confundem com pequenas narrativas a dar corda à imaginação, e se constituem em mais um verso da poesia imagética de Clarice Gonçalves.
A artista trata suas pinturas com pinceladas precisas, superfícies de cor e paleta própria sobre o mundo, mas, para criar texturas nas imagens, se utiliza de tintas diluídas, ao ponto de conseguir fazê-las escorrer na tela. Ela é uma pintora figurativa que se contrapõe ao rigor do realismo fotográfico. O acervo imagético da artista se constitui por fotografias; a plasticidade a afasta da obrigação de acompanhar o realismo fotográfico e os formatos padrão institucionalizados pela tradição da pintura. Aliás, sua forma de dar título às obras também foge ao lugar-comum, visto que os nomes se confundem com pequenas narrativas a dar corda à imaginação, e se constituem em mais um verso da poesia imagética de Clarice Gonçalves.
Thaís Catunda