Foi num bate papo descontraído embaixo da minha jabuticabeira, aqui em Minas, que os amigos da Agência Nitro me apresentaram o Fórum Mineiro de Fotografia Autoral. Fique muito curiosa com a iniciativa, achei super interessante essa movimentação e decidi “investigar” mais sobre o assunto.
Foi então que pedi um help a Tibério França, um dos idealizadores do FOMFA, e aqui divido um pouco da nossa conversa. Achei fantástica a iniciativa coletiva e muito a ver com a REDE. Fica aqui o exemplo que vem das Minas Gerais e espero que sirva de inspiração para mais e mais estados se unirem em prol da sua fotografia!
Tibério, pra começar do começo, nos explique o que é o FOMFA.
FOMFA é a sigla de Forum Mineiro de Fotografia Autoral. Houve muita discussão na escolha do nome e nunca houve um consenso. A sonoridade incomoda alguns ouvidos e outros acham que nao traduz a essencia do proposito.
Fora isso, o Forum reúne os mais diversos atores envolvidos na cadeia produtiva da fotografia mineira: fotógrafos profissionais, amadores, impressores, curadores, editores, críticos, professores, empresários, estudantes e entidades como a Fototech e o FotoClube BH. Nossa finalidade é discutir, propor e gerenciar ações que promovam o desenvolvimento da arte fotográfica em Minas Gerais, atuando como representação da sociedade civil organizada perante orgãos públicos e privados de fomento a produção e divulgação cultural.
De onde veio (ou de quem) a necessidade de ser criar esse “movimento”?
Nasceu de um encontro fortuito de um grupo de amigos fotografos presentes na abertura da exposição de Alecio de Andrade no Instituto Moreira Salles em BH. Naquele momento, ficamos sabendo que aquela era a ultima exposição que o IMS levaria a cidade e que o prédio seria devolvido a iniciativa privada. Numa mobilização boca-a-boca e depois via celular, articulamos uma manifestaçao na frente do prédio e chamamos a imprensa, jornais e TV’s. Na sequencia, elaboramos um abaixo assinado pela internet que recolheu mais de mil assinaturas e encaminhamos ao governador Aecio Neves para interferir no fechamento do espaço. Veio dai, a partir desta mobilização, a parceria entre o IMS e a fundação Clovis Salgado para a criação do Centro de Arte Contemporanea e Fotografia. Conscientes da força da mobilização, me engajei na disputa pela representação de Minas Gerais dentro do Colegiado Setorial de Artes Visuais do Conselho Nacional de Politicas Culturais, gestão que deve terminar no inicio do proximo ano e que discute os rumos do Plano Nacional de Artes Visuais. Paralelo a isso, houve a indicação do Elmo Alves como membro da Comissão Tecnica que avalia os projetos da Lei Municipal de Incentivo a Cultura, que resultou na aprovação de 5 projetos de fotografia este ano, contra nenhum do ano passado.
Como ele funciona na prática hoje em dia em BH?
Promove reuniões esporádicas na Escola Guignard, reunindo em media 30 a 35 pessoas por encontro. Mantemos um grupo de discussão pela internet (Google Groups), onde disponibilizamos as informações mais importantes sobre politicas culturais voltadas a fotografia. Conta com cerca de 120 membros online.
Quais as conquistas mais importantes do FOMFA?
Não são exatamente conquistas, mas o Forum possibilitou a articulaçao necessária para a realização do Festival Foto em Pauta Tiradentes este ano, além de apoio ao Festival de Fotografia do Cerrado, que ainda está acontecendo em Uberlandia (estive lá semana passada dando uma oficina, além de Guto, Eugenio e outros colegas daqui).
E os próximos passos dele?
Por não ser constituido juridicamente, e nem pretende ser, o Forum vai continuar atuando como um catalisador de iniciativas, facilitando a ignição entre as partes. Esta isenção é fundamental, a meu ver, para uma discussão democrática e ampla, que nao privilegie nenhuma ideologia, mas possa conviver com todas elas. Continuar aproximando profissionais de amadores, criticos de estudantes, este é o futuro que espero para o Forum.
O caminho das pedras é mesmo a coletividade?
Sim, acho que o Forum é um divisor de aguas nesse caso. Ele foi possivel hoje graças em boa parte a rede mundial de computadores, que permite interligar as pessoas sem a presença fisica.
Você vê o cenário fotográfico de Minas diferente depois desta iniciativa de vcs? Claro, colocou em evidencia a fotografia de Minas, mesmo que ainda nos falte críticos e teoricos para contemporaneiza-la adequadamente. O Forum permitiu e forneceu acesso a informaçoes de editais, o que facilitou na elaboração de projetos que resultaram aprovados (Pedro David, Joao Castilho, Pedro Motta e Leonardo Costa Braga).
Qual a importância da REDE dentro desse movimento mineiro?
A REDE é importante e aconteceu em paralelo a tudo isso, talvez o momento astral tenha sido feliz para a organização de empreitadas coletivas. O Ministerio da Cultura vinha promovendo discussoes nos Estados para a elaboração do ProCutura, não sei ate que ponto isso tenha influenciado. O Eugenio esteve presente em Paraty e fez essa ponte entre a REDE e o Forum. Informações da lista de discussao da REDE são repassadas ao Forum e vice-versa.
Enfim, acredito que tudo se interligue como uma rede, a REDE, o Forum (ou FOMFA), a Fototech, o Colegiado de Artes Visuais, os coletivos de artistas, instituições de demanda (museus, galerias, corporativas, universidades), onde cada nó desta imensa rede sustenta e é sustentada por toda a estrutura. Só não pode faltar energia!!
Fonte:http://rpcfb.com.br