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/poc/ é o nome pelo qual o mergulhão de Atitlán (Podilymbus gigas), um pequeno pato endêmico do lago Atitlán, na Guatemala, era conhecido. O pato Poc – cujo nome possivelmente deriva do som do pássaro mergulhando na água para caçar pequenos crustáceos – foi declarado extinto no final dos anos 80.
O declínio do pato Poc começou em 1958, com a introdução desastrosa de espécies de peixes não nativas no lago, a fim de incrementar o turismo de pesca na região. Uma delas, a carnívora lobina negra, acabou com dois terços das espécies nativas que serviam de alimento ao pato. A diminuição do tul, planta aquática que servia de refúgio e local de nidificação, também contribuiu para a extinção do Poc.
Localizado no planalto ocidental da Guatemala e cercado por três vulcões, o Atitlán, foi descrito pelo explorador e naturalista alemão Alexander von Humboldt como “o lago mais bonito do mundo”. A cultura das aldeias ao redor do lago é de origem maia, e a região se tornou um dos maiores destinos turísticos da Guatemala.
A partir de um acidente ambiental, /poc/ busca refletir sobre a “mão humana” – os resultados das ações do homem –, e sobre a interação, às vezes saudável, outras não, entre o mundo original dos maias, a colonização espanhola do passado e o fluxo turístico do presente. Procurei representar esses conceitos e encontros através de elementos simbólicos que encontrei nas aldeias ao redor do lago.
Além de mimetizar o som do mergulho de pato, /poc/ poderia ser a onomatopéia para uma pedra que cai em águas tranquilas, as ondas circulares se espalhando suavemente, assim como as conseqüências dos atos humanos. /poc/ é o som de algo que interrompe um padrão de silêncio e calma. É uma fratura, uma ruptura.
/poc/ foi desenvolvido durante a residência 20Fotógrafos-Atitlán