. No toque do tambor que alteia a Terra, Elevar-se é o destino do caminho, O limite do voo Elevada é a alma que apurou-se Key Dias — 11.06.2017 Quando a Lua reflete cheia É quando morre a lágrima Key Dias — 10.06.2017 . Careço de entender quem sou, Key Dias — 22.05.17 . É sentença da vida O eco das vozes avós, De todas as sinfonias Pois longe de todo ruído Camadas já descortinei Assim seja! E o que mais seria? Keyane Dias — 17.05.17 Quando bem jovem, fui estudar Jornalismo, sem ainda entender o chamado de simplesmente escrever e poetizar o que percebo no mundo. No retorno aos saberes da terra e à elevada simplicidade das tradições, fui logo descobrindo que os cordelistas são os comunicadores primeiros do sertão e que poetas, pelo mundo afora, são a eterna voz caminhante na busca de sentido, “estrangeiros no mundo” contando histórias. Depois de firmar os pés na poesia, chego ao inevitável, escrevo meu primeiro cordel. Neste folheto, trago o feminino de uma mulher nascida e vivente numa era de transição. Sem discurso de ódio ou separação, falo aqui de saberes que não sucumbiram à engenhosa opressão capitalista e machista que está caindo. Mundo velho se vai e as ciências da vida e da terra se refinam para o mundo não padecer. Dedico e ofereço estes versos às minhas avós e avôs, raízes de sertões nordestinos da qual sou semente viva. Aos cordelistas e poetas populares. Às minhas ancestrais e às senhoras, senhores, mestras, yoguis e griôs com quem aprendo sobre Saúde e Vida pelo Brasil adentro e (um dia) pelo mundo afora. Graças a Deus e com fé na guia! * Aqui, trago memórias
A fé e o silêncio benzem o mundo. Keyane Dias — 08.05.17Terrena
o Guardião celebra a vida e ri,
soprando luz de saber esquecido.
mas o limite do voo não são as estrelas.
É de lá que vinhemos.
é o chão que acolhe o pouso
dos que ainda tem caminho pra fazer.
no aterramento da liberdade
pra voltar às estrelas com mais luz.Raiou
a luz e a sombra das águas que sou,
transbordo a escolha feita: curar-me!
e a dor pode então ser quem é:
o Sol de dentro querendo brilhar.Sou tarde
Ao amanhecer, desperto.
Ao anoitecer, descanso.
Entre o dia e a noite,
careço de entender as tardes,
a travessia das auroras,
o meio das horas.
Pois a origem e o fim são o que são,
mas o eterno presente,
o meio de tudo,
é somente aquilo que nós somos.
e por isso vivo.
São as tardes correntes das idades
o chão da revelação,
os dias que tem como fim um novo começo.
Se quero entender quem sou,
olho-me no espelho do tempo
que me diz no risco celeste das horas:
sou a tarde entre as minhas auroras.Ressonância
presenciar no tempo
o sOM antigo da criação.
ressonância do sopro
que nutre a canção.
achei no silêncio
a perfeita expressão.
habita o sentido
da iluminação.
e quanto mais abro
mais tem pra curar.
O som que dissona
há de se harmonizar.Cordel Benzadeus!
A licença aqui vos peço
Pra esse cordel passar
Aos antigos versadores
A bença pra eu chegar
Sou mulher de poesia
E, com ela, todo dia
Escrevo pra assuntar
Em versos de cantoria
Pra falar das guardiãs
Dos saberes de valia
Rezadeiras e parteiras
Benzedeiras e erveiras
Mulheres de valentia……
Compartilhas Noticia