*Por Ray de Aguiar - raydeaaguiar@daiblog.com.br.
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No filme Antes do Amanhecer, os personagens de Ethan Hawke e Julie Delpy encontram pelas ruas de Viena, na Áustria, um artista que cria poemas na hora sobre as pessoas que por ali passam. E quem diria, no Brasil também existem artistas pelas ruas das cidades, tentando se expressar para quem possa apreciá-los. João Filho é um destes artistas. Saxofonista, ele espalha música para todos os gostos pelas ruas de Brasília. A seguir, na entrevista para o Palco Daiblog, ele fala sobre o documentário sobre sua vida, os músicos que o inspiraram e seu visual, que já rendeu até o apelido de “Neymar”.
O que te motivou a começar a tocar saxofone?
Comecei cantando na noite em Taguatinga, no Bafafá Cultural, um bar que tinha música ao vivo. Em 2000 fui para a Escola de Música de Brasília, onde estudei clarinete. Como o instrumento era muito difícil e a escola era muito exigente no que diz respeito a teoria musical, como acabei me deparando com professores que não tinham preparo algum para dar aula, professores frustrados que chegaram a me desencorajar, (até teve um tal de Rochael, um professor problemático que me disse que o meu lugar era o "boteco"), naquele instante me levantei e nunca mais voltei para aquela escola. Depois de um problema de saúde, fiquei um bom tempo sem me apresentar e um dia acordei e decidi que iria ser músico, independentemente da opinião de especialistas frustrados. Aí comprei um sax e resolvi aprender. Hoje tô aí, fazendo um som modesto, porém com muito carinho.
Teve algum acontecimento marcante durante suas apresentações pelas ruas de Brasília?
Várias vezes fui interrompido por guardas despreparados e truculentos que chegaram até ameaçar a tomar o meu celular, caso eu não parasse de filmar a atitude deles. Parece até que o artista de rua é um marginal. No Pontão do Lago Sul, já chegaram várias vezes e mandaram eu parar de tocar, nunca entendi isso. Essa é a parte ruim, mas é sempre assim. Tenho consciência que vai demorar muito para podermos mudar a cena cultural da cidade nesse sentido. Mas esse é o meu trabalho, lutar contra a ignorância.
Fale um pouco sobre seu visual. As pessoas brincam com relação ao cabelo moicano? Te chamam de "Neymar"? Quantas tatuagens você possui e qual delas é a sua favorita?
Infelizmente já me chamaram várias vezes de Neymar. E eu sem saber quem era esse tal de Neymar. Depois que descobri a decepção foi muito grande. O cara é jogador de futebol. Imediatamente tirei o moicano. Mudei o estilo da roupa. Tirei os brincos. Aff, ser chamado de pagodeiro e de jogador de futebol não dá. Tatuagens são umas 15 eu acho. Gosto do dragão que tenho na cabeça. Vou fazer uma na testa com a marca Meia Boca Band e fechar o restante da cabeça. Aí eu paro, já é demais.
Quais músicos (ou artistas em geral) te inspiram?
Músicos que gosto: Hamilton de Holanda, John Coltraine, Ben Webster, Kirk Whallun, Pixinhguinha, Ellen Oléria, Sarah Vaughan, Leny Andrade, Rosa Passos. São muitos, muitos mesmo.
Como foram as filmagens do documentário sobre você? (O trailer do filme você vê no final da entrevista)
As filmagens foram tranquilas. Eu tinha um arquivo muito grande em casa. O Ruiter (diretor) teve a maior paciência e deu muitas dicas legais. Eu nem tinha ideia de como era difícil fazer um filme. Foi bem legal e estou satisfeito com o resultado.
Qual seu filme favorito?
Ai Que Vida, filme nacional que as filmagens aconteceram no Piauí e no Maranhão. Achei muito bacana porque é a cara da minha família. Somos do Piauí. É muito engraçado.
O que costuma assistir na TV?
Gosto de assistir os jornais de manhã quando consigo acordar e o Programa do Jô. Não fico muito tempo na frente da TV. Eu gosto mesmo é de tocar sax.
Hoje damos-vos a conhecer 10 artistas de rua que expõem por todo o mundo. As ruas das cidades transformaram-se numa galeria global e nela podemos ver gratuitamente as obras de arte expostas, sejam pinturas, esculturas, instalações, etc.. É uma galeria em constante crescimento onde a arte floresce, promovendo não só os artistas como as próprias cidades. A cultura, tantas vezes desprezada em prol de outros interesses, agradece!
10. Eine (Reino Unido)
10 grandes artistas de rua.
Com uma carreira com mais de 25 anos, é um dos artistas londrinos mais conhecidos mundialmente. Através do uso da tipografia criou uma identidade que está exposta um pouco por todo o mundo. Saltou para a fama internacional quando o actual primeiro ministro britânico, David Cameron, visitou a Casa Branca e ofereceu uma obra sua a Barack Obama. Conheçam melhor a sua arte em einesigns.co.uk/diary/
9. Liqen (Espanha)
Este artista espanhol, sediado no México, vai buscar a sua inspiração ao reino animal, à natureza e a animais das profundezas da Terra. Os pormenores nos seus trabalhos são de tal maneira, que se torna difícil não ficar a olhar durante bastante tempo para se captar tudo. liqen.org
8. Anthony Lister (Austrália)
Considerado por alguns como o melhor artista contemporâneo australiano, Anthony Lister é conhecido por todo o mundo pelas suas exposições, em galerias de arte e na rua. Com influências do expressionismo e pop art entre outras, faz uso da pintura, desenho, instalação, vídeo e música para expressar as suas ideias. listerart.com.au
7. Marc Jenkins (Estados Unidos da América)
As obras deste escultor são tão realistas, que ninguém passa por elas sem olhar duas ou três vezes para ter a certeza que os olhos não estão a enganar. O palco são as ruas onde todos os dias milhares de pessoas passam na azafama do dia a dia. As suas esculturas são tão perturbadoras como humorísticas e percorreram todo o mundo, tendo inclusivamente já aparecido ao serviço da Greenpeace. xmarkjenkinsx.com
6. Sixeart (Espanha)
Artista de graffiti e ilustrador, vai buscar a inspiração à paisagem urbana e às suas gentes, que representa com formas geométricas e fortes combinações de cor. Quem vê as suas obras é levado ao seu mundo imaginário com imagens que ficaram para trás no tempo. sixeart.net
5. Blu (Itália)
Blu começou por graffitar as ruas da sua cidade natal, Bolonha, em 1999 e rapidamente os seus murais, com forte crítica social e política se tornaram visíveis por todo o globo. As suas obras são vistas de forma gratuita, inclusivamente os seus vídeos, com mais de 7 milhões de visualizações. blublu.org
4. JR (França)
É fácil reconhecer o trabalho deste francês. Fotografias monocromáticas gigantes em locais de grande visibilidade com um objectivo claro – ajudar quem as vê a recuperar a sua humanidade. As suas obras estão expostas em locais como o muro que faz fronteira entre a Palestina e Israel. Podemos ver fotografias de judeus e palestinianos de todas as denominações, lado a lado, a sorrir para a câmara, ocupando uma extensão considerável do muro. jr-art.net
3. Nunca (Brasil)
“Nunca para as limitações culturais e mentais” é a mensagem e a forma como este artista explica o seu nome de rua. Os seus trabalhos têm uma forte influência na cultura brasileira, nomeadamente a indígena, o contraste com a sociedade moderna, a globalização e a actualidade socioeconómica. Tem o seu trabalho exposto um pouco por todo o mundo, mas onde se encontra mais presente é nas ruas de São Paulo. flickr.com/photos/-nunca
2. Banksy (Inglaterra)
Desde a Opera de Sydney a Cuba, Banksy é sem dúvida o mais famoso artista de rua da actualidade, levou a sua arte provocante a todos os cantos do mundo. Usa o stencil como forma de expressão e representa frequentemente a crítica social. Apesar de acusado de se ter vendido como artista, Banksy nega que o fez mas admite que hoje faz a sua arte a partir de uma casa maior. banksy.co.uk
1. Alexandre Farto aka Vhils (Portugal)
Um promissor artista português. Vhils tem um estilo próprio esculpindo a sua arte em paredes, pelo mundo fora. Com a ajuda de um martelo pneumático carva a sua arte em paredes, deixando assim a sua marca na arte de rua. Trabalhou com artistas de renome, como Banksy, e integra várias exposições colectivas como a nova iorquina The Outsiders. alexandrefarto.com.Fonte:http://www.em10taque.com/