Ladrôes de Alma - 25 anos.Dia 06 de agosto.Local:Cnf 01 Edf Praiamar Loja 12..Sandu Norte.Galeria olho de Águia.

29/07/2016 10:20

 “O Silêncio” de Usha Velasco é tumultuado: ela está no presente, mas vê

simultaneamente o passado. Tempos diferentes coexistem nas suas sobreposições de

imagens e ao falar dessa oscilação, a noção de realidade e representação também

vacila.

Marcelo Feijó, em seu ensaio “Imagens com imagens dentro ou São imagens do

mundo minha nêga!” também recorre a imagens sobrepostas, mas o esfacelamento do

presente se dá de maneira mais impessoal. Nas suas combinações de imagens, o

olhar que a fotografia representa é também informado por algo mais do que o

momento presente e isso ocorre porque o agora participa de um acervo de imagens

coletivamente compartilhadas.

Almir Israel também recusa a imagem única. A série de retratos da sua filha tem como

título “Clarinhas”. A clareza fotográfica das imagens em preto e branco permite que se

vejam os poros e os fios de cabelo, mas a rigorosa nitidez engendra mistérios. A

Clarinha é uma só, e ao mesmo tempo também são várias: a maioria delas habita um

território intrigante, como tudo que foge da normalidade. O rosto está sempre

acompanhado da mão: os traços faciais que definem uma pessoa são acompanhados

nesse ensaio pelo apelo ao tato. Os gestos são inabituais. A combinação de imagens

vai construindo a ideia de que a personagem se define menos pela aparência do que

pelo fato de sentir.

 

Em “O Turista” Rinaldo Morelli retrata um boneco com a câmera pendurada no

pescoço que vale por todos os turistas subentendidos, incluindo o próprio fotógrafo

que lá esteve. Um boneco turista posa em frente a uma igreja, uma duna, ou

monumentos diversos facilmente reconhecidos. Rinaldo Morelli, que sempre gostou

das abstrações plásticas, buscou nesse ensaio um grau diferente de abstração. Não

se trata mais de registrar apenas um cenário e sim uma prática.

A fotografia de Rubens Rebouças, em seu ensaio “Por um décimo”, também abstraiu-

se do espaço físico. Rinaldo Morelli abstrai para revelar o aspecto convencional da

produção de imagens; Rubens abstrai para inventar as passagens do tempo. Ambos

evitaram o mero registro de formas abstratas praticado nas suas fotografias iniciais;

um e outro utilizam a câmera para re-apresentar o espaço de uma forma mais

elaborada.

Susana Dobal escolheu a estrada como o cenário para suas imagens no ensaio “A

Caminhoda serra da Capivara”. Nesse espaço transitório no coração do Brasil,

partindo de Brasíliapara o sul do Piauí passando pela Bahia e por Goiás, ela capta

cenários e personagens fugazes que falam de uma realidade local. As imagens se

aproximam da veracidade da fotografia documental, mas as palavras adicionadas

evitam-na.

Ladrões de Alma é o primeiro coletivo fotográfico brasileiro, o grupo fez história em

Brasília desde 1988, quando lançaram uma pioneira coleção de cartões postais. De lá

para cá, levaram a público à dezenas de exposições. No cinquentenário da capital,

uma delas (Perdidos no Espaço, de 1991) foi apontada como uma das 50 obras de

artes visuais que marcaram a cidade. 

As notas e comentários publicados durante a trajetória do grupo traduzem sua

filosofia de trabalho e sua construção como um coletivo de fotógrafos.

 

QUEM SOMOS

“Os Ladrões de Alma atuam em Brasília desde 1988. Eles não seguem uma única

linha, mas, individualmente ou em grupo, têm exposto trabalhos onde evitam a

tradição documental da fotografia e exploram opções mais experimentais.”

(Fotosite, nov/2005)


SOBRE A ESTÉTICA

“Não existe uma proposta estética em comum, no estilo dos fotoclubes dos anos 40.

Se há algo em comum no grupo é a proposta de uma abordagem conceitual da

linguagem fotográfica. Ou seja: fazer fotografia pensando a fotografia.”

(Jornal de Brasília, set/1990)


DIÁLOGO COM O MUNDO

“O que leva as pessoas a se envolverem, tão apaixonadamente, com suas formas

particulares de expressão? (...) Talvez a necessidade de estabelecer um diálogo com

o mundo seja mais intensa e nossos processos expressivos se constituam em rotas

para o auto-conhecimento.”

(Luis Humberto, sobre a exposição "Perdidos no Espaço", 1991)


PROCESSO CRIATIVO

,Ao se reunirem, os Ladrões romperam a barreira do trabalho solitário. O artista muitas

vezes se ressente do isolamento, deseja o diálogo, a comunicação com o outro, a fim

de melhor compreender e concretizar o seu processo criativo, que resultará na obra."

(Joaquim Paiva)


MOSAICO DE OLHARES


“Pela fotografia, olhamos a vida e a reconstruímos por nossos modos peculiares de

vê-la. Produzimos um mosaico de olhares que retêm o tempo. Acumulamos um acervo

de memórias intermediadas pela luz. Falamos, à nossa moda, de instantes

assustadoramente fugazes. (...) Os Ladrões de Alma, que de ladrões não têm nada,

são uma espécie de Robin Hood, roubam pequenas porções de tempo e nos

presenteiam com elas. Diminuem nossa pobreza visual dividindo conosco a alegria de

suas descobertas.”

(Luis Humberto)

 

Exposição Ladrões de Alma na Galeria Olho de Águia.

 

A exposição Ladrões de Alma 25 Anos é uma das atrações do Mês da Fotografia 2016. Como

 

parte das comemorações do Dia Internacional da Fotografia (19 de agosto), a galeria Olho de

 

Águia, em Taguatinga, mostrará ensaios de seis artistas: Almir Israel, Marcelo Feijó, Rinaldo

 

Morelli, Rubens Rebouças, Susana Dobal e Usha Velasco.

 

 

O projeto é uma realização do grupo Ladrões de Alma e da Casa da Luz Vermelha, a primeira

 

galeria de arte especializada em fotografia na região Centro-Oeste. Com patrocínio do Fundo

 

de Apoio à Cultura (FAC), a exposição itinerou por Brasília, Ceilândia, Varjão, Vila Telebrasília,

 

Itapoã e Estrutural.

 

 

Primeiro coletivo fotográfico brasileiro, os Ladrões de Alma fizeram história em Brasília desde

 

1988, quando lançaram uma pioneira coleção de cartões postais. De lá para cá, levaram a

 

público dezenas de exposições. No cinquentenário da capital, uma delas (Perdidos no Espaço,

 

de 1991) foi apontada como uma das 50 obras de artes visuais que marcaram a cidade. 

 

Para comemorar seus 25 anos de história, os Ladrões de Alma também lançaram um livro.

 

Com 228 páginas, a publicação traz uma extensa coletânea do trabalho de 24 artistas que já

 

participaram do coletivo. Ao todo, são 317 obras que mostram uma produção muito

 

diversificada – fotos analógicas em preto e branco, colagens artesanais em laboratório,

 

dípticos, trípticos, fotografias sobre porcelana e sobre tecido. O livro, também patrocinado pelo

 

FAC, estará à venda na galeria Olho de Águia por apenas R$ 30,00.

 

 

A Galeria Olho de Águia é um tradicional espaço de divulgação da arte e fotografia de

 

Brasília, um espaço pautado pela estética dos pubs ingleses, decorado com referências

 

principalmente sobre o rock e a fotografia. Faz parte da galeria o Bar Faixa de Gaza, onde o

 

visitante pode experimentar boas cervejas e encontrar com os amigos.

 

 

Serviço

 

Exposição Ladrões de Alma 25 Anos

 

Galeria Olho de Águia – Ed. Praiamar, Setor F Norte, QNF 1 – Taguatinga Norte

 

Abertura dia 6 de agosto às 20 horas

 

Visitação até 20 de agosto de 2016

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