-- Um dos três responsáveis pelo ataque a tiros na casa de shows Bataclan, em Paris, Ismail Mostefai, 29, foi incluído na lista de radicais islâmicos do governo francês em 2010 e passou pelo menos três meses na Síria entre 2013 e 2014.
O francês de origem argelina foi o único dos autores da série de atentados da última sexta-feira (13) identificado pelas autoridades. Ele se suicidou após detonar o cinto de explosivos que levava consigo durante o ataque.
Mostefai nasceu na periferia de Paris em 22 de novembro de 1985. Entre seus 19 e seus 25 anos, foi condenado por crimes de menor potencial ofensivo, como dirigir sem carteira e agressão, mas não chegou a ser preso.
Mapa: Onde foram os ataques
Segundo o jornal "Le Monde", ele foi incluído na lista de suspeitos de radicalização islâmica em 2010. François Molins, procurador de Paris, disse que, embora estivesse na relação, Mostefai não fazia parte de nenhum grupo.
Ele parou de trabalhar em 2012 e, segundo vizinhos, era pouco visto em seu bairro. No final do ano seguinte, entrou na Síria após cruzar a fronteira com a Turquia. Ele ficou no país árabe por pelo menos três meses.
Neste período, ganhava força na Síria a Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que em julho de 2014 transformou-se em Estado Islâmico. Ao voltar para Paris, reunia-se com frequência com grupos salafistas.
A polícia ainda não sabe que ligação Mostefai teria com os demais terroristas, que papel ele tinha no grupo e como se deu a organização para o atentado. Na noite de sábado (14), o pai e o filho do atirador foram presos pelos agentes.
À agência de notícias AFP membros das investigações disseram que os irmãos do terrorista ficaram surpresos com a participação de Mostefai no ataque, apesar de eles terem se afastado há anos.
OUTROS AUTORES
Dos sete autores do atentado, seis morreram ao detonarem seus cintos de explosivos, três deles durante ataques. O outro foi morto a tiros pela polícia durante tiroteio na casa de shows Bataclan.
Não há informações confirmadas sobre os demais. Ao lado de um dos homens-bomba que fez um ataque próximo ao Stade de France, foi encontrado um passaporte de um homem sírio de 25 anos cujo nome não foi divulgado.
As autoridades da Grécia confirmam que o dono do passaporte chegou ao país através da ilha de Leros, no mar Egeu, como refugiado. Não se sabe, porém, se o autor era o dono do documento.
Segundo François Molins, os sete portavam os fuzis AK-47 e bombas de peróxido de amônia, também conhecido como TATP. O composto volátil e leve foi o mesmo usado pela Al Qaeda na série de atentados de Londres de 2005.
Testemunhas afirmam que eles pareciam ter treinamento com as armas, em mais um sinal de uma ação orquestrada com antecedência. "Não eram pessoas que descobriram ontem a manusear armas de guerra. Eles eram extremamente determinados e carregavam com frequência seus fuzis", disse Julien Pearce, jornalista do canal Europe 1 que estava no Bataclan.