Claudio Edinger
Em anos recentes, o fotógrafo carioca Claudio Edinger, 58 anos, 13 livros publicados, tem se dedicado a uma sistemática documentação de cidades e paisagens com a câmera de grande formato, que produz fotos na dimensão 4×5 polegadas (10×12,5 cm). Além de Paris, Los Angeles, Rio de Janeiro e São Paulo, o fotógrafo já se aventurou pela Amazônia, pelo Nordeste e pelo Sul do Brasil. Este post do Sobre Imagens apresenta um ensaio sobre o sertão da Bahia realizado entre 2005 e 2010.
A câmera de grande formato usa filmes em chapas. As mais usadas são as de 4×5 e 8×10 polegadas. Extremamente simples na construção, a câmera tem a parte dianteira com a lente e a traseira com o vidro para focagem e local para o suporte da chapa. As duas partes são ligadas por um fole e toda essa estrutura é móvel e ajustável verticalmente, horizontalmente e perpendicularmente. Com isso, o foco pode ser colocado em qualquer local do espaço que se quer fotografar.
Esse efeito de “foco seletivo” é bastante explorado por Edinger em seus ensaios. “Tenho tentado aprofundar minha pesquisa com o foco seletivo, que além de ser a forma como enxergamos o mundo, cria um paradoxo e uma síntese dentro da imagem. E o que o mundo tem de mais interessante são os paradoxos e as sínteses”, diz o fotógrafo.
No Brasil, está cada vez mais difícil a produção com câmeras de grande formato. A oferta de filmes é pequena e os poucos laboratórios que antes os revelavam estão desaparecendo. Efetivamente, a tecnologia está fazendo da fotografia analógica um trabalho cada vez mais caseiro. Muitos fotógrafos estão retomando os seus laboratórios e procurando a autossuficiência.
Por outro lado, cada vez mais, Edinger tem fotografado com o seu iPhone e o resultado tem sempre as suas marcas de apuro estético e empenho documental. Prova maior de que a tecnologia é apenas uma ferramenta para o talento.
Alexandre Belém