Ler os livros da psicóloga junguiana Clarissa Pinkola Estés foi um achado na caminhada por mim mesma. Quando comecei a lerMulheres que Correm com os Lobos, confesso que às vezes me assustava. Cada capítulo que lia se aplicava exatamente ao momento que eu vivia. Não é exagero e nem viagem, realmente aconteceu. Comprei então A Ciranda das Mulheres Sábias e, mais uma vez, me deparei com palavras que sempre quis ouvir. Muitas eu mesma já havia compreendido e encontrado em meus subterrâneos, nos bosques que vez ou outra visito na minha alma de mulher. Alma que muito viu, ouviu, sentiu e herdou:
"Em algum ponto na sua genealogia há pessoas semelhantes àquelas sobre as quais eu vou falar. Você é a herdeira. Mesmo que não as tenha conhecido, que nunca tenha se encontrado com elas, suas ancianas, suas antepassadas, existem. Todas nós pertencemos a uma linhagem longuíssima de pessoas que se tornaram lanternas luminosas a balançar na escuridão, iluminando os próprios caminhos e os passos de outras. Elas conseguiram isso por meio da decisão de não desistir, por suas exigências de que o outros sumissem da sua frente, por sua atitude previdente de esperar até que o outro não estivesse olhando, pela sabedoria de ser como a água e descobrir como passar pelas menores fendas ou por sua tranquila determinação de abaixar a cabeça e simplesmente por um pé na frente do outro até conseguir chegar aonde quer.
Suas luzes continuam a oscilar no escuro... através de nós... pois, com uma única tirinha de palha, podemos ascender nosso fogo a partir do fogo delas... ter inspirações a partir das suas inspirações. Nós somos as herdeiras. Desse modo, nós também aprendemos a passar oscilantes pela escuridão. Uma mulher assim iluminada não consegue encontrar o próprio caminho à luz de uma vela ou à luz das estrelas, sem também lançar luz para as outras."
A Clarissa é mesmo incrível. Suas palavras são certeiras, mas ela apenas impulsiona mulheres mundo à fora a buscar aquilo que só elas mesmas sabem onde está. Como disse sabiamente meu querido Zé Ramalho, "ninguém tem o mapa da alma da mulher".
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