Fotografia ? Um Ato Coletivo. por In?s,Franco,Alice e Chico. (http://www.historiasdealice.com.br/)

23/12/2011 11:59

 

Não muito pouco comum

Diferente do que algumas pessoas imaginam, fazer da vida uma viagem é algo bastante comum.
À medida que nos colocamos na estrada, encontramos outros que também saíram em viagem. Temos em comum com eles o sonho, a coragem de acreditar que é possível viver uma outra vida e a paixão pela estrada, além disso, todos carregamos nossa própria casa, seja ela uma barraca, um motor home bem equipado, um ônibus ou como eu, uma kombi transformada. Uns viajam para conhecer, outros andam ligeiro, alguns vão e voltam para suas antigas casas, outros vivem a mais de vinte e dois anos dentro do carro-casa. Uns viajam com patrocínio, outros sem apoio nenhum, alguns pensam em escrever um livro, outros fazem da vida um livro para ser lido. Uns rodam parando em campings, outros, mais ousados, estacionam a beira-mar, arranjam-se entre grandes caminhões, nos postos de serviço, à beira da estrada. Uns vendem serviços, outros prestam serviços. Alguns pensam em retornar um dia para sua antiga vida, outros já não se lembram como era viver aquela vida.
Diferentes são os jeitos de sobreviver na viagem: uns tem dinheiro para tal, outros trabalham enquanto viajam fazem artesanato, escrevem textos, vendem fotos… Outros simplesmente viajam
Com pouco dinheiro, roupa simples, distância dos shoppings center e da sociedade de consumo, formamos sem saber uma comunidade de pessoas que descobriram na viagem, um jeito alternativo de viver.

Olha a gente na globo do RN

Chegamos a Natal, no Rio Grande do Norte

Estamos descansando bem aqui!

Ponta Negra, Natal, Rio Grande do Norte

Argh! A pressão acabou com meu diferencial

Depois de subir a Serra do Brejo até a agradável Triunfo, em Pernambuco,  voltei para Serra Pelada carregada por um guincho F4000. Não resisti a pressão de chegar bem perto do ponto mais alto de Pernambuco, o Pico do Papagaio e… Ploft! Meu diferencial simplesmente estourou. Senti uma dor horrível, perdi motor, minhas rodas pareciam soltas.

Enquanto eu tinha o diferencial estourado, a Inês tinha o olho esquerdo derramando-se em sangue. Também devido a altura, a ferida da jurema preta, ocorrida uns cinco dias antes, reabriu e o sangue se espalhou. Assim, eu e ela voltamos precisando de cuidados especiais.

Em Serra Pelada, fomos diretos para a oficina do Ivaldo. Cara bacana, jipeiro, apaixonado por carros. Fui tratada com todo cuidado. Além de cuidar de mim, Ivaldo deu todo suporte para a Inês e Franco que ficaram sem seu carro-casa. Sem exagero, eles não sabem o que fazer  quando ficam sem mim, sabe?

Percebendo isso, Ivaldo deu todo apoio prá turminha. O Chico ficou me fazendo companhia, embora maroto ele é um bom amigo.

Ivaldo, um abraço grande de todos nós. Desejamos que seus sonhos se realizem  em cinco anos, cinco meses, cinco dias, cinco horas, cinco minutos, cinco segundos…Já! Felicidades sempre.

Bibi! Fom! Fom!

Um oásis no sertão

Ahhhhh!! Voce nem imagina! bibi! Bem no meio do sertão, rodando por um calor de 35 graus, subi, puft! puft! A Serra do Brejo. Quanto mais eu subia, mais o calor  ficava ameno e o verde mais intenso, a caatinga se modificava um pouco, de repente, eis que chego em Triunfo, a cidade sertaneja que nem se parece com sertão. Encravada na serra lembra lugares como : Campos de Jordão – SP, Gramado – RS, Canela – RS, Nova Trento – SC, feito europa no sertão. Aqui se produz banana, café, cana-de-açucar, além de outras gostosuras do nordeste. Mas para além da beleza da serra Triunfo guarda as riquezas de sua história. Cada canto um encanto, a cidade é como se fosse um baú se abrindo de onde saem histórias das mais curiosas tipo :

A casa grande das almas, metade construída no Pernambuco e metade na Paraíba, casa de Alfer e coronéis amigos de Lampião. Naquele tempo era lei: A polícia de Pernambuco não poderia invadir o território paraibano, e vice-versa, desse modo, se supostamente Lampião estivesse perseguido pela polícia de Pernambuco e passasse da sala de estar para a cozinha da sala grande, a polícia de pernambuco não poderia prende-lo, uma vez que, a cozinha se localizava no estado da Paraíba.

Outro manifestação cultural da cidade com aproximadamente 100 anos de existência são os Caretas, grupo carnavalesco tradicional, vivo e real, tão querido e amado que virou símbolo da cidade, representado em máscaras, pinturas chaveiros.

Mas se pensa que a história acabou por ai, engana-se! Nascido das memórias de Triunfo um grupo infanto-juvenil dança o Xaxado vestido tipicamente de cangaceiros. O esmero das roupas traz para o presente uma mostra do estilo do cangaço, os passos e a dança lembram as grandes festas feitas por Lampião e seu bando na caatinga e fazenda de coiteiros amigos.

Triunfo é feito oásis no sertão,  localizado na Serra do Brejo, em Pernambuco, na divisa da Paraíba, a cidade tem clima serrano ameno, localiza-se nos limites do município o ponto mais alto do Estado, o Pico do Papagaio.

Ei, se você está planejando suas férias, inclua Triunfo entre os lugares do Brasil que precisa conhecer, essa terra é bonita demais!

À Diana e a Prefeitura Municipal de Triunfo, um obrigada especial do Projeto Histórias de Alice, pelo apoio em nossa permanência na cidade.

Bibi!! Fom! Fom!

Triunfo! Para aí vamos nós

Galera! Vivi dias intensos em Serra Talhada. Imagine que visitei em Serra Grande, a fazenda que serviu de cenário para uma das maiores batalhas do Cangaço. Lá conheci vaqueiros, mestre da caatinga e carros de bois. Crianças lindaa e curiosas que entravam porta a dentro e queriam saber tudo de mim. Fiquei emocionada.

Ao nosso amigo Álvaro Severo, um obrigada do Projeto Histórias de Alice.

Bibi!!! Fom! Fom!

Na Pedra do Reino

Coisa linda é o sertão!

Feito aparentemente de quase nada,  dono de quase tudo, senhor de grandes histórias. No sertão vive o Vaqueiro, o Conselheiro, O Beato, Padres Santos. Sertão é paz, é romaria e penitência,  revolução e guerra. Cenário de idéias e de extermínio das idéias. Terra de coronéis, terra onde o Cangaço nasceu, cresceu e morreu, terra de histórias fortes, cenário de muitos abris que se despedaçaram. Terra que guarda as relíquias mais antigas de um tempo que o homem ainda não era e do tempo que sendo passou a habitar nosso chão, e a desenhar em nossas pedras, deixando registro de suas primeiras marcas na história.

Sertão, grande sertão, a maior parte sem veredas de água, com estreitas veredas abertas, pelo vaqueiro e pelo agricultor, caatinga adentro.

Neste sertão aparentemente tão árido, reinam princípes e princesas. Reinos escondidos em pedras esperam pela hora de acordar do encanto que os fez adormecer. Alguns reinos vivem escondidos e silenciosos como as rochas que os guardam e protegem, mas há um, este não, o Reino da Pedra Encantada, este mesmo adormecido, arrancou seguidores, que vieram guardar seu rei soberano. Aos pés da Pedra do Reino fizeram moradia, criaram seu reino, escreveram sua história. Foi quando o Senhor do reino sem encanto, com seu soldados, do reino de verdade, enviou suas tropas que, sem piedade, massacrou os sertanejos todos que ousaram crer e viver na Pedra do Reino.

Estou aqui, aos pés da Pedra do Reino, pensando porque o poder instituído tem tanto medo das idéias simples, especialmente aquelas que ousam acreditar que existe mais vida e esta possível apesar da falta  d’água. Este texto é uma homenagem aos mortos no massacre da Pedra do Reino, anos depois em  Canudos, ba Baia, mais tarde no Calderão, em Crato no Ceará.

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De olho rasgado

Eu sei que a caatinga é uma mata difícil, fechada, com espinhos rasos no chão e com árvores feitas de espinho como a jurema, a favela e outras. Eu também sabia que devia adentrá-la com cuidado, procurando proteção, mas como o que se sabe nem sempre se aplica…

Hoje fomos fotografar uma lida com gado (vaqueiros encourados, entram na caatinga para buscar um boi bravo, ou que se perdeu). Entram montados a cavalo e passam com velocidade sob arbustos muito baixo . Não usam laço, para pegar o animal fujão, montados no cavalo lançam o corpo sobre o boi, mantendo-o preso no abraço do vaqueiro. Outros parceiros se aproximam, cercam o animal e prendem-no com cordas. Neste momento, abraçado ao animal o vaqueiro canta, como que para acalmá-lo. Um espetáculo lindo de se ver! Todo vaqueiro traz marcado no corpo, as cicatrizes desse trabalho e a exibem com orgulho e honra.

Inês e Franco estavam lá, assistindo admirados e fotografando a beleza dos movimentos dos vaqueiros sobre o touro, quando descuidadamente, Inês ergue os óculos de sol e sai no meio da caatinga tentando me aproximar da cena para fotografa-la. Foi um descuido e zapt! um galho seco de jurema (cheia de espinhos) atinge seu rosto e entrou olho a dentro, ferindo-o no canto direito.

Ela permaneceu ali, entre o vaqueiro e o boi até que tudo terminasse. Depois veio olhar a machucadura que mais tarde se transformará numa cicatriz, que por sua vez também contará uma história.  Foi medicada, está em repouso, com tampão por 24h. Eu cá fico a pensar: Que sentido teria a história se não houvessem cicatrizes para contá-la?

Depois de Petrolina…

… Depois de Petrolina, um descanso em Juazeiro. Ah! Petrolina e Juazeiro! Estar sob a sombra de uma árvore gigante, à beira do São Francisco, olhando suas águas cristalinas e bem lá no meio, uma estátua do “Nego d’água”, caboclo matreiro que cuida o rio e aterroriza pescadores e viajantes. Por causa dele, os barcos que antigamente navegavam o São Francisco, traziam uma carranca na proa, invenção dos Guaranis para assustar o “Nego d’água”. E não é que o danado tinha mesmo medo das carrancas? Contam por aqui que ele não atacava as embarcações que as traziam na proa. Urra!

Hoje, as carrancas do São Francisco, continuam cumprindo sua função: sairam das proas das embarcações e passaram a enfeitar as moradias das pessoas. Os artistas que as fabricam afirmam que elas espantam mal olhado.

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Adeus, meu Velho Chico!

Bibi!! Fom! Fom!

Estamos de luto

O Projeto Histórias de Alice está de luto

http://br.noticias.yahoo.com/homens-armados-matam-cacique-mato-grosso-sul-214419417.html

Nossa solidariedade ao povo Kaiowá Guarani. Em maio estivemos em Amambai.

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