Banca de advocacia que contratou o ex-juiz recebeu mais de R$ 40 milhões das empresas que ele condenou na Lava Jato
O Tribunal de Contas da União (TCU) compartilhou com a Procuradoria-Geral da República (PGR) os documentos referentes ao dinheiro que o ex-juiz Sérgio Moro recebeu na banca de advocacia da Alvarez & Marsal, empresa que o contratou logo que ele abandonou o governo Bolsonaro. Desde o começo dessa investigação, recai sobre Moro a suspeita de que ele recebeu, como advogado, os valores das empresas que ele havia julgado, condenado e avalizado acordos de leniência.
Conforme noticiado na CNN, o TCU também encarregou o Ministério Público Federal (MPF) de decidir sobre o pedido imediato dos bloqueios dos bens de Moro.
A Alvarez & Marsal recebeu cerca de R$ 40 milhões de empresas condenadas na Lava Jato, sendo R$ 1 milhão por mês da Odebrecht e Ativos, R$150 mil da Galvão Engenharia, R$ 97 mil da OAS e R$ 115 mil mensais do Estaleiro Enseada. Para o ministro Bruno Dantas, não está claro se a empresa de advocacia pagou Moro por serviços prestados para empreiteiras julgadas na Lava Jato. A atuação de Sérgio Moro na condução da Lava Jato, contudo, foi amplamente desmoralizada após o vazamento de diálogos que ele travou com os procuradores responsáveis pelas denúncias da operação, em especial a do ex-presidente Lula.
“Não tenho dúvidas de que são fatos que precisam ser mais bem apurados. E é por essa razão que me causa estranheza certa atuação apressada de qualquer peticionante que pretenda interromper o fluxo natural do processo, antes mesmo da conclusão das apurações. É natural que os investigados desejem esse desfecho, mas não os órgãos de investigação, de quem se espera imparcialidade independentemente de simpatias pré-existentes”, diz Dantas.