Enquanto centenas de fotógrafos dedicados abastecem diariamente os bancos de imagens das agências de notícias com o que é assunto no mundo, apenas os fotojornalistas mais excepcionais conseguem rotineiramente criar registros que oferecem novas perspectivas sobre os eventos que definem nossa era. Muhammed Muheisen, da Associated Press (AP), é um desses nomes. Suas imagens tornaram-se indispensáveis para quem deseja compreender os conflitos no Oriente Médio além do julgamento superficial. Inspirado por um espírito de humanismo e pela consciência do poder da narrativa visual, seu trabalho surpreende e já é consagrado com inúmeras distinções, o que inclui dois Pulitzers e o prêmio da revista Time de Best Wire Photographer of 2013.
Muheisen nasceu em Jerusalém, em 1981, e graduou-se em Jornalismo e Ciência Política em 2002. Atualmente, vive em Islamabad como chefe de fotografia da Associated Press (AP) no Paquistão. Ele passou a integrar a AP em 2001, aos 19 anos, cobrindo histórias no Oriente Médio como conflitos iraquianos e árabe-israelenses. “Nascer em uma região em conflito tem algumas vantagens, por incrível que pareça”, conta. Para ele, estar no centro dos acontecimentos, envolvido pessoal e fundamentalmente com o conflito, não apenas o ajudou a se tornar fotógrafo, mas germinou a consciência necessária à abordagem que o consagrou.
Mesmo dedicado à cobertura do que é notícia, indelével para qualquer repórter, Muheinsen encontra tempo para clicar a rotina das ruas, procurando momentos reveladores principalmente quando a cidade desperta. Ele levanta cedo para pegar a luz da manhã escorrendo pelas favelas empoeiradas na periferia da cidade ou para clicar o início das aulas em uma escola local. “Eu amo a tranquilidade dessa hora”, conta, acrescentando que procura cenas que carreguem uma mensagem de vida ou alegria. Muheisen descobriu que a fotografia cotidiana em zonas de conflito realmente pode criar uma mudança: “Não é apenas o meu projeto, mas a minha paixão”.
As imagens selecionadas neste posts mostram sua predileção por fotografar crianças, sempre com uma abordagem delicada. De acordo com ele, foca nelas suas lentes por acreditar que se tratam das verdadeiras vítimas de qualquer conflito. “Não é uma foto de criança, é a mensagem de uma criança sendo enviada para outra parte do mundo”, reflete.
Em 2013, cobriu com sua equipe de fotógrafos a incerteza nas ruas da África do Sul diante do estado de saúde delicado de Nelson Mandela. Ele continuou, entretanto, produzindo imagens encantadoras da vida diária em torno de Islamabad, onde já se encontra há três anos.