Cineclube ? barricada em torno do cinema. Por Rodrigo A. Magalh?es,Foto:ivaldo cavalcante

04/11/2015 11:32

-- Cineclube – barricada em torno do cinema


Rodrigo A. Magalhães

 
Resumo: Qual é o espaço do cineclube na história do cinema? Com certeza o cineclube
 
é o lugar para se assumir riscos e experimentar formas de organização, exibição e 
 
produção que o cinema comercial não permite. Além do entretenimento, os clubes de 
 
cinema são espaços de formação para exercício do olhar, da memória afetiva e da 
 
intervenção urbana.
 
Palavras chave: Cineclubismo. Olhar. Cinema de rua. Afetividade
 
 
 
 
INTRODUÇÃO:
 
O cineclubismo é um movimento que tem como princípios: não ter fins 
 
lucrativos, ter estrutura democrática e ter compromisso cultural. A criação do 
 
cineclube se confunde com a própria história do cinema por ser um espaço que reúne 
 
estudiosos, cineastas e apreciadores em geral que buscam além da simples exibição a 
 
troca de experiências, a produção de crítica cinematográfica, o estudo da história do 
 
cinema e o entretenimento. De forma geral, o cineclube atende os gostos mais distintos 
 
e cria uma dinâmica já inexistente nos centros urbanos por ausência dos chamados 
 
cinemas de rua, fenômeno que teve início nos anos 80 e que reduziu sensivelmente o 
 
acesso a essa linguagem e suas diferentes expressões não comerciais. Nesse mesmo 
 
período houve a elaboração da Carta de Tabor ou carta dos Direitos do Público, de 
 
1987, que diz: “Toda pessoa tem direito a receber todas as informações e 
 
comunicações audiovisuais. Para tanto deve possuir os meios para expressar-se e 
 
tornar públicos seus próprios juízos e opiniões. Não pode haver humanização sem uma 
 
verdadeira comunicação”. Passado 20 anos, um outro documento é lançado para 
 
confirmar a importância desses direitos - é a Carta de San Ángel que reafirma a 
 
necessidade da formação do público e a importância do cineclube como um dos espaços 
 
para a divulgação e formação cultural.
 
 
 
Professor de sociologia do ensino médio e Cineclubista. Email: rodrigoamagalhaes@hotmail.com
 
 
 
 
Segundo o curta-metragem O que é cineclube?
 
 
 
 
1) audiovisual é oxigenada com a formação do espectador que tem acesso a diferentes 
 
linguagens cinematográficas e com os primeiros exercícios de crítica e filmagem. Uma 
 
espécie de estrutura elementar do cinema de um país e da cultura mundial. Numa visão 
 
mais engajada, os clubes de cinema são barricadas que preservam a pluralidade 
 
massacrada pelas salas comerciais de cinema que não divulgam o cinema latino-
americano, africano e asiático, impondo um congelamento do gosto e do olhar. Em qual 
 
outro espaço se teria a oportunidade de se ver o cinema novo brasileiro, o realismo 
 
italiano, a nouvelle vague francesa, o cinema iraniano, o cinema soviético, o cinema 
 
latino americano? Em qual outro espaço é possível acompanhar a produção de curtas-
metragens, os documentários, as animações não comerciais? Em outras palavras, o 
 
cineclube recria o olhar, populariza a história da sétima arte e valoriza o espaço público 
 
e a experiência coletiva. Em geral o cineclube desmonta a estrutura industrial do cinema 
 
para mostrar sua dimensão artesanal ao alcance das pessoas. A sala de cineclube não se 
 
mistura às vitrines de lojas comerciais, ela pretende marcar a vida dos seus 
 
frequentadores com a memória afetiva de quem se sente participante em todo o 
 
processo: na conquista de um espaço sede, na aquisição dos equipamentos de exibição, 
 
na leitura crítica dos filmes, na escolha da programação, na divulgação com a mídia 
 
impressa e eletrônica, nos debates e conversas informais em torno dos filmes 
 
escolhidos, nos encontros com as mais diferentes pessoas que ingressam nesses 
 
pequenos espaços não mediados pelo dinheiro, mas por outros valores simbólicos 
 
fundamentais como trabalho coletivo, interesse pela arte, intervenção urbana, 
 
divulgação cultural, educação estética etc. Somando a esse universo, outras 
 
possibilidades do cineclube são os exercícios, a princípio amador, como a organização 
 
de oficinas sobre cinema, a prática da fotografia, a confecção de pequenos roteiros para 
 
a realização de filmagens que vão do simples minuto lumière até o moderno curta 
 
metragem etc. Não há melhor espaço para abrir a caixa preta do cinema e dissecar a sua 
 
forma acabada que o cineclube. É nesse contexto que as vocações vão aparecendo e os 
 
caminhos se delineiam transformando uma prática amadora em algo mais profissional –
 
caminho esse percorrido por muitos críticos, produtores e cineastas desde que o cinema 
 
viu o nascimento do cineclube.
 
, é nesse espaço que toda cultura
 
Disponível: http://portacurtas.org.br/filme/?name=o_que_e_cineclube. Acesso: Fev. de 2014.
 
 
 
 
 
Câmera olho
 
 
Se o olhar é um sentido fundamental na construção do conhecimento e da 
 
percepção do mundo que nos cerca, é no cinema que essa percepção vai ser apurada ao 
 
máximo. Não é por acaso que vários diretores vão tratar desse tema: Dziga Vertov com 
 
a câmera-olho em Um homem com uma câmera(1928); Samuel Beckett em o curta-
metragem Film; João Jardim e Walter Carvalho em Janela da alma (2001) que através 
 
da ausência da visão explica o olhar e nos traz uma interessante reflexão de Manuel de 
 
Barros que diz: “o olho vê, a lembrança revê e a imaginação transvê e transfigura o 
 
mundo”. De maneira geral, se a câmera é a tentativa de copiar o olho humano, são os 
 
elementos formais desse olhar que devem ser analisados primeiramente. Como o 
 
fotograma é uma unidade de tempo e a menor parte do cinema, é a partir dele que deve 
 
se perceber os elementos de: luz e sombra, cor, texturas, perspectiva, linhas e curvas, 
 
escala de planos etc. É esse conjunto que forma a composição da realidade alcançada e 
 
da realidade inventada.
 
Outro ponto importante é perceber que a imagem contida na fotografia não pode 
 
ser confundida com a realidade, ela é um recorte arbitrário, uma edição que pode se 
 
aproximar do real ou não. Como diz Vilém Flusser em Filosofia da caixa preta: toda 
 
imagem é a tentativa de “codificar fenômenos de quatro dimensões em símbolos planos” 
 
(FLUSSER, 1985, p. 7) cabe ao espectador decodificar esse signo. A fotografia apesar 
 
de ser uma imagem, se distancia das primeiras imagens produzidas no mundo pré-
 
histórico, por ser resultante da Revolução Industrial e da invenção dos processos 
 
científicos que tem a pretensão de ser a própria realidade - o que está longe de ser 
 
verdade. A fotografia como criação técnica pretende ser objetiva e impessoal por ser 
 
resultado de processos mecânicos, químicos e, atualmente, eletrônicos, mas o agente 
 
que mira a objetiva continua projetando toda sua subjetividade e interesse. A fotografia 
 
não é produto de um instrumento técnico é um bem produzido pela dimensão cultural 
 
do olhar, assim fica possível pensar que tal empreendimento técnico nem sempre é a 
 
realidade, mas uma ilusão de óptica que engana a consciência do espectador criando um 
 
mundo espetacular. O que resta é, além de decompor os elementos formais da 
 
imagem, decompor todo o gesto fotográfico como propõe Flusser ao analisar: o 
 
significado da imagem, a relação entre o fotógrafo e o aparelho, o gesto de fotografar, a 
 
fotografia, a distribuição da fotografia, a recepção da fotografia etc. Entender os
 
fragmentos para depois pensar o todo é fundamental para quem quer fugir do mero 
 
automatismo dos cliques e quer questionar o controle que as imagens exercem sobre 
 
sociedade. A falta de consciência de todo o processo faz com que o ato de sacar fotos se 
 
converta em uma ação sem controle, puramente mecânica e passiva diante do excesso 
 
de estímulos visuais que envia mensagens e interferem na sociabilidade das pessoas, 
 
confundindo a relação de controle entre o sujeito e a máquina. Sem essa devida 
 
consciência, a imagem vira um fetiche, algo mágico,e a máquina passa a ser uma 
 
indecifrável caixa preta, onde o sujeito perde seu domínio e sua liberdade. Se pensarmos 
 
que para a construção do conhecimento o olhar é um sentido central, quando esse 
 
mesmo olhar se torna passivo ele deixa de investigar para ser formatado, nesse caso 
 
limite, a fotografia passa a ser modelo de pensamento, inculca conceitos e completa o 
 
ciclo de inversão entre o ser humano e a máquina. Diante disso, cabe ao cineclubista 
 
refletir sobre o olhar e desconstruir sua estrutura para conseguir pensar em níveis de 
 
leitura mais profunda o fenômeno cinematográfico.
 
 
 
 
 
Meta-cinema
 
 
 
O cine-metalinguagem também tem lugar nas sessões de cineclube. Filmes 
 
como: Bom dia Babilônia (1987) dos irmãos Taviani; Cinema Paradiso (1988) de 
 
Giusepe Tornatore; Vermelho como o céu(2006) de Cristiano Bortone, etc. inundam o 
 
olhar do espectador com o fazer cinematográfico. Outra experiência importante são as 
 
próprias filmagens dos irmãos Lumiére de 1895: Chegada do trem, Saída dos 
 
trabalhadores da fábrica, Destruição de um muro, Jogo de cartas etc. Essas pequenas 
 
produções levam as pessoas para os primórdios do cinema quando as possibilidades de 
 
sua linguagem ainda não tinham sido desenvolvidas. Tanto os planos (Plano geral, 
 
plano conjunto, plano americano, plano médio, primeiro plano, primeiríssimo plano, 
 
plano detalhe etc.) como os movimentos de câmera (panorâmica, travelling, tilt ou 
 
panorâmica vertical, câmera na mão, câmera no chão, plongée, contra-plongée etc.)
 
estavam por ser inventados.
 
O livro O sentido do filme de Serguei Eisenstein ajuda a pensar a dimensão do 
 
cinema que tem como preocupação a fusão dos elementos visuais, dramáticos (emoção) 
 
e sonoros que repercutem em todos os sentidos humanos. Criar essa completa 
 
sincronicidade seria o grande papel do cinema, assim como Kandinski quis expressar a 
 
musicalidade em suas obras plásticas ou como Ezra Pound viu no poema a expressão da 
 
melodia e da forma, além da sua carga intelectual. Eisenstein tem a preocupação de 
 
inventar uma nova poética e estética que dê conta da forma inédita criada pelo
 
audiovisual, por isso reflete sobre as questões de composição entre a cor, o som, a 
 
imagem etc. sem pretender criar relações absolutas visto que as soluções são 
 
encontradas no processo de elaboração da obra: 
 
a lei implícita aqui não legalizará nenhuma correspondência absoluta 
 
„em geral‟, mas exigirá que a consistência, numa chave de tom-cor 
 
definida, permeando toda a obra, deve ser dada por uma estrutura de 
 
imagem em estrita harmonia com o tema e a idéia da obra 
 
(EISENSTEIN, 2002, p. 101).
 
Outro cineasta que ajuda a pensar o sentido do cinema é Andrei Tarkovski com
 
seu documentário Tempo de Viagem (1983) e seu livro Esculpir o tempo onde ele diz 
 
que o cinema como arte: “é uma metalinguagem com a ajuda da qual os homens tentam 
 
comunicar-se entre si, partilhar informações sobre si próprios e assimilar a experiência 
 
dos outros” (TARKOVSKI, 2010, p. 43). Essa afirmação lembra a fala do artista 
 
plástico Bandeira de Mello no documentário Eu existo assim (2006), de Júlia Morena, 
 
que diz: “uma das funções da arte é estabelecer ponte entre as consciências...”. No caso 
 
do cinema, ele tem a vantagem de registrar uma impressão do tempo que é a própria 
 
imersão do diretor no mundo da vida, capaz de observá-la e recriá-la. Contudo, o 
 
cinema como arte contemporânea: “ainda procura sua linguagem e só agora está mais 
 
próximo de encontrá-la. A trajetória do cinema rumo à autoconsciência sempre foi 
 
dificultada por sua posição ambígua, pairando entre a arte e a indústria: pecado original 
 
do seu nascimento como fenômeno de mercado” (TARKOVSKI, 2010, p. 119).
 
 
 
 
 
Cinema no olho da rua
 
 
Com o fim e declínio dos cinemas de rua, os cineclubes também ocupam um 
 
papel social fundamental. O declínio do cine belas artes em São Paulo, do cine Odeon 
 
no Rio de Janeiro, do cine Brasília no DF, do cine Glauber Rocha em Salvador, etc.
 
criou um vazio nas grandes e pequenas cidades. Os curtas: Cinemas em extinção (2010)
 
e o Acesso a arte2
 
o fenômeno da transformação dos cinemas em igrejas e em lojas comerciais, das 
 
barreiras espaciais e econômicas que distanciam a população das salas de cinema. O 
 
impedimento ao acesso a experiência filmográfica maior é o resultado de um controle 
 
da comunicação no país e no mundo como foi revelado pelo clássico Cidadão Kane 
 
(1941) de Orson Welles, mais recentemente foi o vídeo Levante sua voz3
 
retratou, de forma dinâmica, o estado da mídia no Brasil.
 
Para refletir melhor sobre o fim dos cinemas de rua vale o documentário Cine 
 
belas artes – Consolação 24234
 
cinema de São Paulo fechou as portas depois de 59 anos de atividade em 17 de março 
 
de 2011. O documentário Metrópolis (2012) de Bellini Andrade também reflete sobre 
 
esse fenômeno na cidade de Belo Horizonte onde a escala da cidade reduziu a dimensão 
 
da interação humana. Como o cinema faz parte da memória afetiva das cidades e do 
 
patrimônio cultural de gerações de pessoas, não proporcionar isso as novas gerações é 
 
reduzir o universo da coletividade.
 
Como uma espécie de ativismo cultural, os cineclubes são intervenções urbanas 
 
que tentam reanimar os espaços públicos esvaziados pela cultura do medo, pela 
 
proliferação dos shoppings e pela sociedade de controle criada pelos condomínios. O 
 
fim dos cinemas de rua é um sintoma de uma dinâmica maior da sociedade que passa 
 
pela economia, pelo urbanismo, pelas políticas públicas etc. A cada cineclube que surge 
 
mora uma reação política e cultural que desafia a ordem das coisas para instaurar um 
 
projeto de resgate da sociabilidade que foi fragmentado e que reduz o imaginário 
 
coletivo a uma monotonia intelectual e afetiva. O cinema comercial comprometido 
 
demais com os clichês e com padrões de comportamento se recusa a experimentar e a 
 
testar a emoção do espectador, a contradição desse mundo cada vez mais audiovisual é 
 
o analfabetismo audiovisual de quem não interage com a imagem, apenas consome os 
 
produtos oferecidos nas salas de cinema.
 
(2010), do Coletivo cinema para todos, mostram, de maneira simples,
 
(2013) dirigido por Luan Cardoso. Esse importante 
 
 
 
Disponível: http://portacurtas.org.br/filme/?name=acesso_e_arte. Acesso: Fev. 2014.
 
2
 
Disponível em: 
 
3
 
http://www.direitoacomunicacao.org.br/content.php?option=com_content&task=view&id=5756. 
 
Acesso: Fev. 2014.
 
Disponível: http://www.youtube.com/watch?v=c8PPdPovtbQ. Acesso em: Fev. 2014.
 
4
 
 
 
 
 
Cinema e afetividade
 
 
 
 
Não são poucos os relatos de experiências mediadas pelo cinema que passam 
 
pela corriqueira pergunta: qual seu filme preferido? Qual filme que marcou momentos 
 
sublimes e traumáticos da sua vida? As histórias são inúmeras: como a pessoa que 
 
perdeu um ente querido e foi refletir sobre a morte assistindo A partida (2008) de Yojiro 
 
Takita; o poeta que se inspirou no filme Só dez por cento é mentira (2008) de Pedro 
 
César; o cidadão que se encantou com uma nova maneira de contar a história de Brasília 
 
no filme A cidade é uma só? (2011) de Adirley Queiroz; do estudante de música que se 
 
apaixonou pelo choro vendo Brasileirinho (2005) de Mika Kaurismaki; do professor 
 
que ficou reflexivo por meses depois que assistiu ao incrível filme de Andrei Tarkovski;
 
do casal de namorados que suspirou profundamente assistindo Império dos sentidos 
 
(1976) de Nagisa Oshima; da pesquisadora que tenta entender o significado de caminhar 
 
com liberdade assistindo ao filme Sem teto sem lei (1985) de Agnès Varda; do desejo de 
 
fazer uma revolução depois que um grupo de militantes assistiram Deus e o diabo na 
 
terra do sol (1964) e Terra em transe (1968) de Glauber Rocha... Como mensurar o 
 
alcance do cinema na afetividade das pessoas? Toda essa riqueza de experiências
 
afetivas só é possível porque existem salas de exibição que permitem que o espectador 
 
tenha acesso a experiências múltiplas. Infelizmente essas possibilidades não se 
 
encontram na maioria das salas comerciais de cinema, ficando reduzidas a pequenas 
 
salas artesanais dos cineclubes.
 
 
 
 
 
Cineclube no Brasil
 
 
 
Os cineclubes nascem na Europa, mas logo alcançam os países latinos 
 
americanos. No Brasil o marco inicial do cineclube é Chaplin-club, criado em 1928, que 
 
além das exibições de filmes, editou a revista O Fan que chegou até ao 9o número e 
 
tinha como objetivo refletir sobre o desenvolvimento da indústria cinematográfica, a 
 
produção de filmes amadores, promover concurso de roteiro e crítica de arte. Mas ao 
 
longo do século XX outros históricos cineclubes foram criados como o cineclube 
 
Marília que funcionou de 1952 a 1990 e o fundamental Clube de cinema criado em 
 
Salvador na década de 1960, no antigo Cine Guarani5
 
Silveira, um dos grandes fomentadores do Ciclo de Cinema Baiano e do Cinema novo
 
no Brasil. Todas essas iniciativas se opunham ao cinema enquanto mercadoria e 
 
valorizava o cinema de arte e a formação do espectador capaz de apreciar o valor de 
 
películas não comerciais.
 
Na procura de coordenar os trabalhos dos inúmeros cineclubes no Brasil, foi 
 
criado, nos anos 60, o Conselho Nacional de Cineclubes – CNC que, depois de vários 
 
períodos sem atividade, volta com força total em 2003, como o objetivo de6
 
1. defender e organizar o cineclubismo no país, na América Latina e no mundo;
 
2. criar espaços de exibição;
 
3. apoiar e desenvolver o setor de distribuição de filmes;
 
4. organizar e promover a pré-jornada e a Jornada Nacional a cada dois anos;
 
5. apoiar a criação de novos cineclubes;
 
6. prestar assistência técnica, jurídica e administrativa aos cineclubes do país.
 
O CNC sempre defendeu que a produção cinematográfica deveria estar aliada a 
 
um eficiente sistema de distribuição e acesso ao espectador em geral. Para a efetivação 
 
desse projeto ele tem o apoio da Secretaria de audiovisual do Ministério da Cultura e é 
 
parceiro da Federação Internacional de Cineclubes – FICC que mostra a relevância 
 
desse trabalho no plano global. Hoje, de acordo com o CNC, dos 1370 cineclubes 
 
existentes no país, 454 estão formalmente filiados ao Conselho.
 
Não restam dúvidas que os cineclubes têm uma vocação e um papel histórico 
 
que o distingue do cinema comercial. Esse movimento em torno do cinema deve receber 
 
apoio de órgãos oficiais e de toda sociedade civil organizada para se criar um espaço de 
 
humanização e fruição que não se renda nem ao tempo e nem ao gosto espetacular, 
 
instantâneo e de rápida assimilação oferecido nas salas multiplex. Diante desse cenário, 
 
a tensão entre a estrutura artesanal dos cineclubes e as grandes salas sempre vão existir, 
 
apesar da sua pequena dimensão, sempre haverá necessidade da reação organizada ou 
 
desorganizada dos cineclubista, afinal é esse foquismo cultural que permite manter viva 
 
 
 
Uma referência sobre essa antigo cinema é o curta-metragem O Guarani (2008) de Cláudio Marque e 
 
5
 
Marília Hughes disponível em: http://portacurtas.org.br/filme/?name=o_guarani. Acesso em: Fevereiro 
 
de 2014.
 
Disponível em: http://www.cineclubes.org.br/secao/271-objetivos-do-conselho-nacional-de-
cineclubes-brasileiros. Acesso: março de 2014.
 
66
 
, coordenado pelo Walter da 
 
nas antigas e novas gerações o patrimônio cultural produzido pelo cinema em todo o 
 
mundo.
 
 
 
 
 
Referências bibliográficas:
 
 
 
COELHO, Thiago Barbosa de Oliveira. Walter da Silveira e o clube de cinema da 
 
Bahia.ANPUH – XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Fortaleza, 2009. 
 
EINSENSTEIN, Sergei. O sentido do filme. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002.
 
FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta. São Paulo: Hucitec, 1985.
 
TARKOVSKI, Andrei. Escupir o tempo. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

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