Quando se está diante de um fato é preciso tomar decisões que só serão contadas posteriormente. No calor dos acontecimentos muitas vezes não percebemos que estamos escrevendo a história. Ou pior, estamos dentro dela. E só vamos saber disso depois! Leia agora a 1a Parte, de uma série, do livro: COLLOR: O IMPEACHMENT DE FATO!, 20 anos depois.
COLLOR: O IMPEACHMENT DE FATO
Em 89 quando estava no Globo fui escalado como
fotógrafo para cobrir a campanha de Fernando Collor de
Melo à Presidência da República. Como tinha um perfil
investigativo ficava parado na porta da Casa da Dinda.
Passei noites inteiras e várias vezes flagrei aquele que
seria o primeiro presidente eleito pelo voto direto após
o Governo Militar em seus encontros políticos secretos.
Eu e o repórter fotográfico Orlando Brito, da revista
Veja, tínhamos regalias que outros repórteres não
tinham. Collor reconhecia o esforço de nosso trabalho.
Entravamos na casa da Dinda para beber água, tomar
suco, enquanto outros colegas da imprensa ficavam em
locais restritos sem acesso a casa. Com isso, fiz
amizade com o capitão Dário, PM de Alagoas e ajudante
de ordens de Collor.
Eu tinha o telefone vermelho da Casa Dinda. Aquele
que somente Collor e Dário atendiam. Nunca poderia
imaginar que aquele número fosse definitivo no
convencimento do depoimento do motorista Eriberto
França, que culminou com o impeachment de Collor.
Mino Pedrosa
Brasília, 29 de maio de 2012