O Fotograma é um evento internacional de fotografia que acontece anualmente em todo o Uruguai, organizado pelo Centro de Fotografia (CMDF). A ideia surgiu em 2007, com o objetivo difundir a educação visual e promover intercâmbios, apresentando um panorama da produção fotográfica uruguaiana e latino-americana, principalmente. As exposições vão de fotografias históricas a contemporâneas, e são realizadas por todo o país. O festival também promove workshops, discussões, leitura de portfólios, entre outras atividades. A terceira edição conta com 200 exposições e divulga o trabalho de 500 fotógrafos por todo o país.
Workshop Clínica Fotográfica de Adriana Lestido (AR) © Carlos Contrera
As atividades começaram dia 2 de outubro e se encerram no final de dezembro. O atual presidente da REDE, Iatã Cannabrava, ressalta a importância dessa rede latino-americana que tem se formado em festivais no Chile, Uruguai, Argentina, Brasil, México e outros países da região. “Isso tem funcionado como um motor para o desenvolvimento da produção cultural e difusão do que se produz nesses países. Nunca houve tanta circulação de trabalhos de fotógrafos brasileiros na América Latina!”, comenta.
Leitura de Portfólio/Rosely Nakagawa © Carlos Contrera
Leitura de Portfólio/Fernanda Magalhães © Carlos Contrera
Leitura de Portfólio/Alexandre Belém e Georgia Quintas © Carlos Contrera
Representando o Brasil, também estiveram presentes no festival o Coletivo Garapa, a fotógrafa e performer Fernanda Magalhães (exposição de viés), Rosângela Rennó, (exposição Río-Montevideo), Rosely Nakagawa, Alexandre Sequeira, João Roberto Ripper e Pedro Motta.
O Fotograma me impressionou muito pela qualidade de realização de uma forma geral. Em particular a coesão da equipe e interesse muito referenciado no Daniel Sosa é o que é mais marcante. A equipe do CMDF toda é mobilizada para participar do festival em diferentes tarefas, ora apresentando as mesas, se colocando como mediadores, apresentando os convidados, intermediando relações. O que os torna mais do que funcionários ou organizadores durante o festival, mas atualiza a função, renova em formação e os mantém interessados. Os diálogos com eles são sempre ricos e cheio de interesse.
Existe em cada um deles um Daniel Sosa que é um profissional à parte. Ele sim é impressionante. Com seu jeito discreto mas atentíssimo, se lembra de tudo que conversamos, sabe de tudo e de todos, conecta as pessoas, está no café da manhã, sabe da hora de chegada, de partida, está nos eventos sociais, de abertura, de apresentação, de discussão, fotografa, discute. Por isso na minha apresentação agradeci a todos os 200 Daniel Sosa onipresentes. Acho que isso faz a diferença do encontro.
Rosely Nakagawa
João Roberto Ripper explica o projeto da agência e escola de fotografia Fotógrafos Populares © Carlos Contrera
Alexandre Sequeira fala sobre seu trabalho no Fotograma © Daniel Contrera
No decorrer do festival, o Fotograma realiza entrevistas com os convidados e outras matérias que envolvem o festival no Tevé Fotograma, que é transmitido na TV local e está disponível no canal do Youtube do CMDF. Os vídeos das Séptimas jornadas sobre fotografía (debates) também já podem ser assistidos pelo YouTube.
Workshop do Colectivo Sinóptico :: alunos aprendem a revelar fotografias em um mini laboratório portátil © Andrés Cribari
Fernanda Magalhães afirma que “o Fotograma é um evento intenso, que se prolonga por praticamente três meses de atividades por todo país, e coloca a fotografia em evidência através de exibições, workshops, publicações e investigações, contribuindo de forma importante para o país e também internacionalmente”. Fernanda acrescenta que tudo é realizado com “competência, extremo profissionalismo e uma dose especial de afetos, carinho e amizade”.
Rodrigo Gómez Rovira apresenta o Festival Internacional de Fotografía en Valparaíso, explicando sua estrutura, objetivos e linhas temáticas © Andrés Cribari
Os fotolivros foram o assunto da vez no dia 1º de dezembro, quando aconteceu o 1º Encuentro de Fotolibros. Dez convidados vieram à mesa durante o dia para discutir questões como o livro de autor e seu processo, edição, colecionismo, etc. Para encerrar o dia, Cannabrava falou sobre o projeto do Fotolibro Latino-Americano, recentemente lançado no Brasil pela Cosac Naify.
“O Fotograma é quem sabe um dos mais importantes encontros da fotografia latino-americana hoje, não só pelo seu dinamismo e poder de convocatória, mas principalmente por levantar a discussão sobre políticas públicas para a fotografia, pois o CMDF de Montevidéu é um departamento da prefeitura local que financia todo um programa de atividades no campo da fotografia, que vai da preservação dos arquivos históricos a difusão de jovens talentos”, diz Iatã Cannabrava sobre o festival. Cannabrava ainda afirma que no caso do Brasil, atualmente não existe nenhuma instância do Estado que esteja pronta para realizar atividades nessa amplitude. “Ao contrário da pequena nação uruguaia, o Brasil continental desenvolveu modelos múltiplos de financiamento e gestão, como a Lei Rouanet e as leis estaduais e municipais de incentivo, o mercado, e patrocinio privado”, afirma.
Confira aqui a programação completa do Fotograma.
fonte:http://rpcfb.com.br