Rio de Janeiro – No dia 18 de janeiro, a Arena Carioca Dicró foi palco da segunda edição do programa “Mulheres Protagonistas”. A convidada da vez foi Taisa Machado, que trouxe uma fala disparadora onde contou sua história de vida, especialmente sobre seu projeto Afrofunk Rio e após o debate, deu uma oficina que trouxe a “ciência do rebolado” e colocou todas para dançar.
O primeiro encontro das Mulheres Protagonistas, o “Din Din Din: Mulher Artista Sim! foi um processo orgânico, onde cada colaboradora do Observatório de Favelas, bem no lema “uma sobe e puxa a outra”, se comprometeu a trazer mais duas convidadas. Foram mais de 60 falas, que entre risos e lágrimas teve como ponto em comum a coragem para disputar o próprio lugar no mundo o que já é muito potente. Outro ponto relevante para a sistematização, é que as questões se subdividiram em 4 grandes grupos: “A Mulher Artista”, “Políticas Públicas”, “O corpo feminino no mundo” e “Outros Protagonismos”.
Com tanto conteúdo e possibilidades de desdobramentos, as mulheres colaboradoras do Observatório de Favelas se colocaram o desafio de transformar a questão mais cara para cada uma naquele momento, sobre “mulheres artistas” num programa de atividades chamado “Mulheres Protagonistas”. O programa terá a duração de um ano e compreenderá um conjunto de atividades, que somadas, espera-se que indiquem um caminho para as respostas buscadas nesta jornada. O encontro será bimestral, em dinâmica de talk + espaço para a conversa.
A 2° edição contou com a presença de Taísa Machado, líder do projeto Afrofunk, que traz um mergulho no universo das danças contemporâneas produzidas pelas periferias cariocas e suas essências ancestrais. As oficinas que ela ministra constrói propostas concretas para lidar com temas como a libertação dos corpos femininos, o enfrentamento ao racismo e a circulação por territórios periféricos.
Taísa iniciou sua fala contando que seu processo criativo se realiza através de suas andanças pela casa. E disse que os homens não são criticados ou chamados de loucos pelo método que utilizam para ativar a sua criatividade. Passando por todo o histórico de sociedade machista, a dançarina reforçou que este é o ano do SIM! E que todas as mulheres não têm tempo de duvidar de si mesmas e que precisam chegar no topo, para quando estiverem lá em cima, puxar mais uma. Ela lembrou que 2019 é ano de Ogum, e que por isso é necessário saber onde a cada uma quer chegar. Como ela mesma colocou: “Nos próximos 4 anos, eu não posso ter dúvidas. E como filha de Ogum, eu gosto de uma guerra. Então, partiu, combate”!
Uma das histórias que Taisa contou foi sobre Oxum e a passagem em que antes de lavar suas crias, Oxum lava as suas jóias. E assim ela traz o tema da “generosidade feminina”, em que as mulheres acabam ficando para trás para cuidar da família, para não ser vista como grosseira, para não parecerem melhores do que seus companheiros, para não liderarem, para não serem vistas como pouco feminina e tantos outros limitadores que colocam as mulheres com muitos obstáculos a mais. E que exatamente por cada um desses obstáculos é que todas devem comemorar todos os tipos de vitória, por menores que pareçam, porque não é fácil obter êxito num país que mata tantas mulheres por minuto.
Taisa trouxe dois questionamentos que deixou como reflexão para todas as presentes. O primeiro foi: “Com quem você se compara e por que você se compara?”, e o outro: “Quanto tempo você investe em você?”. Ela ainda deixou a seguinte dica: “Façam coisas que vocês acreditam!” E finalizou essa parte dizendo: “Mulheres, nós precisamos ganhar dinheiro!”
Na sequência, para iniciar sua oficina, Taisa disse que este também é o ano do autocuidado e que a dança pode ser um catalisador, pois ela mexe com o chacra da atividade, além de liberar endorfina, dopamina e serotonina, hormônios que dão a sensação de prazer. Por isso, além de queimar calorias, dançar pode ajudar também a aliviar momentos de tensão, nervosismo e ansiedade. Para ela, “nós estamos morrendo de depressão” e por isso não podemos banalizar a dança e sim respeitá-la.
O encontro acabou com muito calundu, baikoko e é claro, funk! Taisa definiu que os homens e mulheres pretas desenham a sexualidade deste país. E foi rebolando bastante que todas as mulheres se conectaram ainda mais já aguardando as novidades para o próximo encontro que acontecerá em março e será divulgado pelas redes do Observatório de Favelas. Aguardem!