Acredito que o diálogo é a maneira de dar voz às pessoas que querem falar Em entrevista, Lucas Luz, pré-candidato a Deputado Distrital

04/02/2022 19:37

 Em entrevista, Lucas Luz, pré-candidato a Deputado Distrital, apresenta sua agenda eleitoral, destacando as bandeiras da comunidade LGBTQIA+, da saúde mental e da cultura brasiliense

Noreen Jaral

Postado em 14/12/2021

Ceilandense nascido e criado no quadradinho, o jovem de 24 anos, Lucas Luz, mesmo antes de se graduar em Jornalismo já tem a força de vontade para realizar mudanças em Brasília. Ativista em causas sociais e dos direitos da comunidade LGBTQIA+, Lucas está lançando a sua pré-candidatura a Deputado Distrital do Distrito Federal, pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro), nas eleições de 2022.

A paixão pela política veio quando ainda era criança, vendo telejornais e pelo constante interesse em aprender sobre o tema. Engajado em causas sociais, Lucas faz trabalhos voluntários, oferecendo apoio no combate a doenças emocionais, como a depressão e crise de ansiedade, e é um grande apoiador do cenário cultural candango. Agora, o pré-candidato procura se firmar na política brasileira. Com sua identificação pelo jornalismo e pela defesa da democracia, mesmo em sua pouca idade, carrega uma experiência profissional ampla e, agora, pretende alçar novos caminhos pela política partidária e o Legislativo. 

 Lucas Luz, 24 anos, se filiou ao partido PSB para se candidatar às Eleições de 2022. Crédito da imagem: Thiago Crulz

Desde pequeno você está inserido na política, mas como se deu essa conexão? Alguma pessoa na sua vida te influenciou/apresentou a política, de modo que surgisse o interesse? 

Desde pequeno eu era muito curioso, sempre gostei de saber sobre política. Na verdade, eu sempre gostei de assistir a telejornais, até hoje assisto diversos, de várias emissoras e editorias. Eu lembro que, com oito ou nove anos, gostava de chegar da escola e assistir ao jornal que estava passando assuntos de política do nosso país, do mundo. Gostava também quando aparecia o Congresso Nacional, o salão verde da Câmara Legislativa, o salão azul do Senado, quando apareciam os senadores e deputados, até mesmo o presidente no poder Executivo. Isso me chamava atenção. Eu comecei a ler, a procurar saber mais e a me interessar um pouco mais sobre a política.

Quando decidiu que gostaria de seguir a carreira política? E como foi o processo até comunicar a sua pré-candidatura a Deputado Distrital?

Eu decidi lançar a minha pré-candidatura aqui em Brasília, como Deputado Distrital, em 2019. Na verdade, sempre estive muito envolvido em trabalhos sociais, tenho alguns trabalhos voluntários, e vi de perto a necessidade, a situação das pessoas mais vulneráveis, e isso me chamou atenção no fato de que eu poderia fazer algo diferente, de que eu poderia fazer algo que mudasse, que transformasse a realidade daquelas pessoas. Eu me lembro até hoje que um dia estava entregando algumas cestas básicas e uma moça falou: “Olha, a situação do nosso país é muito delicada, eu não sei se acredito mais em político”, e comentou que queria era que o filho tivesse ótimos estudos, em uma escola pública de qualidade, que a rua dela tivesse asfalto e que não precisasse cobrar por isso. São coisas mínimas, direitos dos cidadãos garantidos na Constituição para todos os brasileiros, as necessidades mínimas de vivência. No momento em que ela comentou aquilo, me tocou. Foi aí que eu tive a certeza de que eu posso mostrar que é possível fazer diferente. Então, eu tomei essa decisão de me lançar como pré-candidato a Deputado Distrital. 

Fui conhecer alguns partidos e me identifiquei muito com o Partido PSB, tive algumas reuniões com o presidente do partido do Distrito Federal e tirei várias dúvidas até efetivar a minha filiação. O meu lançamento foi somente nas redes sociais e, somente em 2022 que, de fato, me tornarei candidato. Mas o partido tem acreditado muito em mim. A gente tem participado dos congressos, de reuniões. Estou muito confiante de que é possível, sim, fazer a diferença. Eu gosto muito de dizer que essa campanha não é minha, ela é nossa. Eleito ou não, esse mandato vai ser nosso, então é importante reiterar que pretendo trazer para perto as pessoas. O mandato não vai ser só do Lucas Luz, mas vai ser de todos que fizeram parte desse processo. 

Qual será sua agenda política? De quais pautas se sente mais próximo e acredita que precisam ser mais desenvolvidas no Distrito Federal?

Existem várias pautas que precisam ser desenvolvidas aqui no Distrito Federal. Existem projetos que pretendo dar continuidade, fortalecer através das emendas parlamentares, mas existem outros que pretendo dar voz, que precisa ter uma visibilidade maior. Eu tenho três bandeiras que quero levar comigo. A primeira é sobre a saúde mental. Sou voluntário no CVV (Centro de Valorização da Vida) há mais de quatro anos, e pude perceber de perto a necessidade que as pessoas têm em ter acesso, ter informação, de prevenção para algumas questões de saúde mental, como a depressão, a bipolaridade, algumas crises de ansiedade, crises existenciais. Então tudo aquilo que envolve a saúde mental do ser humano eu quero trabalhar aqui no Distrito Federal, quero dar voz para essas pessoas. Uma das minhas propostas será a construção de pontos de apoio emocional em todas as RA (regiões administrativas) do DF, principalmente dentro das universidades e escolas. É importante que tenha esse apoio de fácil acesso, quero que as pessoas se sintam ouvidas e que a sociedade entenda que é uma doença e que não é fácil. Outra bandeira que tenho é o movimento artístico e cultural do Distrito Federal, que é muito amplo e precisa de oportunidades. Existem alguns projetos específicos aqui em Brasília que quero fortalecer, como o FAC (Fundo de Apoio a Cultura) e o Brasília Junina, que é um projeto da Secretaria de Cultura do DF. Esse último é um movimento que resgata jovens da marginalidade, do tráfico, da prostituição, das drogas, e que ajuda os jovens e adolescentes a se sentirem como pessoas, a se sentirem úteis na nossa sociedade. Então fortalecer o movimento cultural no nosso quadradinho é de extrema importância. E por último, a bandeira que também quero levar na minha campanha é da comunidade LGBTQIA+, é preciso dar voz a essas pessoas, essa comunidade é carente e precisa, sim, de uma atenção maior. A sociedade como um todo precisa entender que essa comunidade não cobra aceitação, cobra respeito. Precisando de uma atenção maior para que tenha políticas públicas de qualidade, para que tenham os direitos garantidos por lei aqui no DF. É importante que essa comunidade seja representada, assim como, a construção de casas de apoio em várias RA que acolham e que deem cursos profissionalizantes, acesso a cultura e trabalho para essas pessoas que são todos os dias violentadas e vítimas de homofobia e transfobia, de todas as formas de preconceitos possíveis.

Sua agenda eleitoral destaca as bandeiras da comunidade LGBTQIA+, da saúde mental e da cultura brasiliense. Crédito da imagem: Thiago Crulz

Com a sua idade, pode ser considerado novo para estar entrando na política, mas com as suas experiências de vida e os projetos sociais de que participou, o que pode trazer de novo para a sociedade e para a política?

Eu acredito que eu serei, até o momento, o candidato mais novo na Câmara Legislativa do DF. Eu vejo muita importância na entrada dos jovens na política para que façam parte desse processo de construção. Dentre todas as minhas experiências de trabalhos voluntários, do conhecimento jornalístico, do meu conhecimento social cidadão, como ativista social, ativista de direito, ativista da comunidade LGBTQIA+, acredito que o que posso levar de novo, de transparente, para o nosso mandato ,é de fato, o diálogo. Acredito que o diálogo é a maneira de dar voz às pessoas que realmente querem falar, que realmente querem ser ouvidas. A comunicação é extremamente importante. Quando a gente dá acesso a comunicação, a gente inibe, e afasta, todo o ruído do nosso processo de comunicação, sendo necessário que o nosso diálogo seja claro, para que possamos, de fato, ouvir as necessidades de quem passa por elas. Então o diálogo é uma forma de deixar nosso gabinete aberto, o nosso mandato transparente, e acho que isso é um fator principal da minha campanha. E o lema da minha campanha é “Agora é pra valer”,  porque é necessário que os brasilienses se sintam representados em todas as áreas por um deputado que dê espaço, e que dê evasão às vozes, dê esse crescimento para as pessoas que precisam. 

Como acha que pode alcançar outros jovens a se interessarem e serem mais ativos em questões políticas?

Infelizmente a gente ainda tem muitos jovens que saem do Ensino Médio, do Ensino Fundamental, ou ainda estão no Ensino Superior, sem conhecimento algum sobre a nossa legislação, sobre a lei básica aqui do DF, sobre a Constituição, sobre os três poderes, e eu não os culpo. Não tivemos a oportunidade, até o momento, de aprender isso na rede pública, nas nossas escolas por onde passamos. O que nós aprendemos foi o básico do básico, se é que a gente pode falar assim. Então, eu não os culpo por não ter interesse na política, por não terem muito interesse em querer conhecer ou por acharem ruim. Mas eu acho que é importante que esses mesmos jovens se deem a oportunidade de conhecer, de estarem fazendo parte desse processo. E a forma que eu tenho de trazer os jovens e adolescentes é também dar voz, trazer o diálogo, dar a oportunidade para essas pessoas, chamar a atenção delas e dizer: “Eu sei que você não tem muito conhecimento, e eu não te culpo por isso, mas estou te dando a oportunidade de você vir, de conhecer, estou te dando a oportunidade de você falar comigo sobre aquilo que você tem dúvida, sobre aquilo que ainda não entendeu, sobre o que quer entender”. Então, o diálogo, essa questão das rodas de conversas, das reuniões em lares, de estar mais próximo dos jovens, para entenderem que “olha, existe o jovem ali que está se candidatando e que ele tem interesse em me ouvir e tem interesse em me representar”.

Você é bem ativo nas redes sociais, o que, na atualidade e sociedade em que vivemos, pode ser tanto positivo quanto negativo. Como encara essa ferramenta? Acredita que pode ser um meio para aproximar a comunicação entre governantes e eleitores?

Realmente a minha atuação nas redes sociais é muito ativa, gosto muito de postar, tanto no feed, quanto nos stories do Instagram, gosto de expor a minha opinião bem embasada, de comentar sobre tudo e falar sobre todos os assuntos. Talvez isso possa ser visto por algumas pessoas como uma forma negativa, mas para mim, para a minha equipe e para algumas pessoas que já me acompanham, é visto deuma forma positiva. Acho que a internet precisa ser vista e usada como um meio transformador, um meio que transforma para o lado positivo, então se a gente pode usar as redes sociais para engajamento, para divulgação e para o conhecimento das pessoas com o nosso mandato e as nossas propostas, assim o faremos. 

As pessoas estão cansadas de um candidato ou um político que bota um terno, uma gravata, e se acha superior, acredito que as pessoas querem ver um candidato que é gente, gente como elas. Eu sou um jovem, e como jovem eu danço, curto, tenho a minha vida, tenho os meus amigos, tenho os meus bons e maus momentos, minhas falhas, críticas, opiniões, sou como qualquer outra pessoa. Verem um candidato que faz tudo isso e também se comunica com uma linguagem informal, que não é tão técnica ou formal, pode ser um ponto positivo da minha campanha. Então acho que essa ferramenta pode ser um meio de comunicação que pode ajudar a se conectar com essas pessoas, a nos aproximar.

O que tem feito para preparar-se para as eleições? Qual o seu público-alvo e como pretende se aproximar e conquistar o voto dos eleitores?

Nós estamos vivendo agora a pré-campanha, então nesse período existem algumas coisas que não podemos fazer. Temos que ter muito cuidado, porque existem algumas regras que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nos impõe, como o pedido de voto, não pode ser nem muito explícito nem superficial. Na verdade, ele não deve haver, então temos que tomar muito cuidado nesse período de pré-campanha para que não haja a cassação da nossa candidatura. Então, por agora, tenho trabalhado muito nos bastidores, conversando com as pessoas, fazendo várias reuniões com a equipe de apoio, as pessoas que vão trabalhar comigo no período eleitoral, tenho trabalhado e analisado as propostas que tenho. Nas redes sociais tenho sempre postado a minha opinião e mostrado o Lucas Luz que sou e pretendo ser como candidato. 

O meu público-alvo principal é o das minhas bandeiras, que vou levar como comissão de frente na minha campanha, como já falei: da saúde mental, do movimento cultural e da comunidade LGBTQIA+. Mas de uma forma geral, para todo público, jovens, adolescentes, crianças, idosos, existem pautas de todas as áreas que o Deputado Distrital pode apresentar projetos e ajudar. A gente tem trabalhado muito para fazer algumas reuniões mensais nas casas das pessoas, em 2022, trabalhado nas propostas, no slogan, na nossa campanha e na festa de lançamento da campanha. 

Pretendemos mostrar que é possível fazer diferente e que a gente precisa acreditar. Enquanto as pessoas ficarem de braços cruzados, reclamando que não tem saída, que não há solução, que tudo não vai bem porque a política é o câncer do país, enquanto as pessoas acharem isso, a nossa sociedade e o nosso país continuarão como está. É necessário que a gente descruze os braços, dê voz às pessoas, que se coloque à disposição e em papel de comprometimento com a mudança e com o povo. Existe uma frase do escritor Max Lucado, que diz assim: “as marcas só ficam se você permitir que elas fiquem”. A política só vai continuar da forma como está se você permitir, a corrupção só vai continuar crescendo e tomando lugar no nosso país se a gente permitir. Então é importante que a gente não permita que essas marcas, essa negatividade, que tudo aquilo que a gente já viu de ruim dentro da política, permaneça. 

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