Nascido em Crateús, uma das mais antigas e importantes cidades do estado do Ceará, Ivaldo Cavalcante, conhecido como Kabeça, chegou em Brasília, mais especificamente na região administrativa de Taguatinga com apenas quatro anos de idade.
O ano era 1956. Foi em um pau-de-arara, meio de transporte comum e muito utilizado principalmente na região nordeste, em busca de um futuro melhor que Ivaldo e sua família, assim como muitos outros brasileiros, vieram para a capital brasiliense.
Ivaldo já trabalhou como engraxate, vendedor de jornal, picolé até descobrir a fotografia como arte transformadora em sua vida. E foi através dessa descoberta, que ele fez seu nome no fotojornalismo nacional e mundial. Sua carreira como fotojornalista começou em 1980 nos principais jornais do Distrito Federal.
Durante sua jornada na fotografia, Ivaldo ganhou prêmios como: Prêmio Internacional Rei da Espanha (1994), Concurso Internacional de Fotografia Humanitária Luís Valtuenã (1998 e 1999), Aqueduct (2000 e 2002), totalizando mais de trinta prêmios internacionais.
Fotografias da cena política do país e das desigualdades sociais presentes na realidade de muitos brasileiros lhe renderam dois livros:
- Taguatinga, duas décadas de cultura, lançado em 2003 pela editora Edição do Autor, com foco nos momentos dos movimentos culturais que resistiram a ditadura;
- Brasília – 25 anos de fotojornalismo, também da Edição do Autor, lançado em 2005, com olhar voltado para os acontecimentos políticos na capital.
“O Castelo de Grayskull torna visível o que é invisível e visibilidade pode ser um fator chave para combater as injustiças. É dolorido fotografar o que sangra nos olhos, mas é preciso. A fotografia do Ivaldo sangra nossos olhos, pois captura fragmentos invisibilidados pelo sistema. Fazendo-nos refletir para além dos nossos próprios castelos”, descreve Isadora Lima em um trecho no texto do projeto “Revelado” onde Ivaldo é um dos fotógrafos convidados.
Uma das fotografias da série: Castelo de Grayskull. Créditos: Ivaldo Cavalcante.
Além da fotografia, Ivaldo também se aventurou na serigrafia. Seu irmão mais novo, Natinho, é figura conhecida do cenário underground brasiliense. Suas baratas gigantes e outras gravuras foram expostas em Nova York. Parte das camisetas encontradas nas lojas do Conic passam pelo ateliê de Natinho, que fica ao lado da Galeria Olho de Águia, projeto de seu irmão, Ivaldo.
A Galeria conta com espaço voltada para obra de outros artistas. Créditos: Acervo pessoal de Ivaldo.
A Galeria
Inaugurada em 2002, a Galeria Olho de Águia está localizada no Edifício Praiamar, na Praça da CNF, em Taguatinga Norte. O espaço é uma mistura de cinema, biblioteca, sinuca. E, claro, há sempre lugar sempre reservado à arte, já que a Galeria também recebe exposições de artistas de várias localidades.
O intitulado “Bar Faixa de Gaza” é um dos atrativos oferecidos pelo espaço. Enquanto visita alguma obra exposta na galeria, é possível tomar uma cerveja, comer um bolinho de bacalhau e até mesmo escolher a trilha sonora para o momento.
Durante a pandemia, Ivaldo teve que fechar o espaço por seis meses e usou da internet para expor ser acervo. A Galeria está reabrindo aos poucos. Para saber mais sobre a programação e os horários, siga o perfil no Instagram @galeriaolhodeaguiaoficial. Através de seu perfil, Ivaldo compartilha cliques de seu cotidiano e dos eventos na Galeria Olho de Águia.
O Bar Faixa de Gaza
