o filme ?The bang bang club?, baseado no livro ?O clube do bang-bang. Instant?neos de uma guerra oculta?, de Greg Marinovich e Jo?o Silva - foto Kevin Carter, Sud?o, 1993.

17/06/2011 15:42

Fotojornalismo | Cinema | The bang bang club

Kevin Carter, Sudão, 1993.

Foi lançado dia 22 de abril nos EUA o filme “The bang bang club”, baseado no livro “O clube do bang-bang. Instantâneos de uma guerra oculta“, de Greg Marinovich e João Silva – que perdeu as duas pernas ao pisar numa mina no Afeganistão há poucos meses atrás.

O livro, lançado no Brasil pela Companhia da Letras, conta a história de quatro fotojornalistas sul-africanos que cobriram os últimos anos do regime do Apartheid, período em que sociedade sul-africana atravessava um difícil período de transformação das relações  políticas e sociais entre a maioria negra e minoria branca. (leia mais sobre o livro aqui)

Um dos integrantes do “clube do bang-bang”, Kevin Carter, ganhou grande projeção internacional ao ser premiado com o Pulitzer de 1993, por sua famosa foto da criança e do abutre. Carter, terminaria se suicidando não muito tempo depois, por conta de diversas complicações.

Ken Osterbroeck, por sua vez, morreu durante a cobertura de uma embate entre polícia sul-africana e manifestantes, atingido por um tiro. Nesse mesmo evento, Marinovich foi atingido no peito por uma bala, mas sobreviveu. Ao lado de Osterbroeck, colado ao seu corpo, estava James Nachtwey, uma espécie de membro honorário do clube, e que por pouco também não foi atingido.

O livro é um relato dos dois últimos sobreviventes do grupo. Ali é possível entender o complexo rearranjo social pelo qual passava a África do Sul do fim dos anos 80 e início dos 90, o contexto de violência e desastres humanitários no continente africano.

No entanto, o que mais chama atenção no livro é o testemunho sensível dos dilemas humanos aos quais os fotojornalistas são expostos no exercício de sua profissão. Através do exemplo de suas próprias experiências e das de seus companheiros, Marinovich e Silva conseguem explicar ao leitor a difícil situação do fotojornalista diante das tragédias sociais.

Em um dos capítulos mais tocantes, os autores explicam, por exemplo, qual foi o papel que o peso do trabalho fotojornalístico teve no suicídio de seu amigo Kevin Carter, e falam também de suas próprias culpas ao não levar a sério os sinais das depressão de Carter.

Ao levar em consideração o trailer, o filme parece ter optado pela linguagem pausterizada da aventura e drama hollywoodianos. O filme pode certamente agradar aqueles que estão em busca de uma visão romântica do fotojornalismo, cheio de aventuras, perseguições, tiros e assassinatos. Contudo, ao optar por essa abordagem espetacular e sensacionalista, o filme pode ter abdicado da possibilidade contar a versão mais humana e compreensiva das histórias contidas no livro. Sem contar no prejuízo à imagem do fotojornalista que esse filme pode provocar, ao não problematizar com responsabilidade, os imensos dilemas que fazem parte da profissão.

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