Exposição COTIDIANO:. Do poeta Aquiles Dutra. pelo Projeto Artista do Bairro Abertura: Dia 01 de Fevereiro de 2019, a 15 de Fevereiro. às 20h. Local: Galeria Olho de Águia (CNF 01, Edifício Praiamar, Loja 12 – Taguatinga Norte)

29/01/2019 07:22

 

A Galeria Olho de Águia, em Taguatinga, tradicionalmente atuante no campo da fotografia, cinema e novas mídias, abre novas frentes desde ano de 2013. A Galeria, tocada por Ivaldo Cavalcanti e Morissom Cavalcante lança o Projeto Artistas do Bairro e convida a comunidade para participar.Mensalmente, um artista será convidado para expor suas obras que ficaram durante 15 dias em exposição para visitação e comercialização das obras para o público da cidade. O objetivo é contribuir para a valorização e disseminação do artista e incentivar a formação de estudantes de artes plásticas.

Para os moradores de Taguatinga é uma honra que esta águia conduzida pelo renomado fotógrafo Ivaldo Cavalcante tenha feito a sua morada distante das já acolhedoras asas do Plano Piloto.

A Galeria Olho de Águia assentou uma trincheira e um refúgio aos diversos guerreiros quixotescos “fazedores” de arte que estão marginalizados do circuito acadêmico, da dita indústria “cultural” e da escassez das águas advindas dos incentivos governamentais.

O acolhimento à pluralidade das manifestações artísticas traz aos seus frequentadores ora estranheza, ora epifania: marca da sensibilidade e generosidade sempre presentes no esforço empenhado pelos idealizadores e mantenedores da galeria.
Nós, os frequentadores e moradores da cidade, também sentimo-nos atraídos pelo clima informal e a receptividade descontraída do anfitrião-galerista, que nos ensina muito sobre a história da produção cultural do DF em um bate-papo regrado a uma sempre agradável degustação: uma experiência muito distante da “linguagem de catálogo” ou do tom professoral e academicista de alguns centros culturais que podem amedrontar os que não se sentem pertencentes a esses ambientes.
Dessa forma, a Galeria Olho de Águia representa não só um mirante que traz aos seus frequentadores um panorama do cenário artístico de Taguatinga e do DF, como também oportuniza espaço, voz e protagonismo aos artistas locais para que possam expor suas impressões e representações do “local universal”.
Quer sinta empatia ou reprovação aos temas e projetos acolhidos por essa galeria, uma visita ao local nos garante, em definitivo, que a indiferença por lá não tem qualquer chance de se apresentar.Texto:Daniel Ramos

 
Nascido em Barra de São Francisco no estado do Espírito Santo, em 16 de agosto de 1960, Aquiles Dutra é filho de Horácio Luiz da Silva e Iduína da Silva Dutra. A exposição “Cotidiano” na Galeria Olho de Águia, compila o trabalho desse homem que desde muito cedo, interessou-se pela literatura. Se a vida se completa em escrever um livro, ter filhos e plantar uma árvore, a de Aquiles Dutra da Silva, já mesmo imortalizou.
Profissional da contabilidade e poeta nas horas vagas (portanto, operário dos números e letras), Aquiles Dutra, percorreu o centro-oeste do país como representante farmacêutico (o que o obrigava a ler de tudo, inclusive bula de remédio). Mas foi enquanto residiu no município goiano de Goianésia (distante 170 km de Goiânia, capital do estado e aproximadamente 208 km de Brasília) que teve a oportunidade de trabalhar na rádio  Vera Cruz FM e como produtor, por vezes locutor, da programação que leu e apresentou seus escritos para um público maior. Logo se tornou uma pessoa conhecida na cidade, e com algumas outras figuras, entre elas o juiz e o delegado da cidade, foram membros fundadores da Academia de Artes e Letras de Goianésia (ALAGO), em 1989. Ocupa a cadeira de número 12 que tem como patrono o poeta Fernando Sabino. A fundação da Academia permitiu a publicação pela primeira vez de seus textos numa compilação.
Do primeiro texto que escreveu e guarda com especial lembrança, em 1978, aos 18 anos, impressiona retrospectivamente a maturidade das primeiras impressões e o faro para as tintas e sabores que compõem o dia a dia. A poesia como desvelamento daquilo que está oculta na alma e na realidade. Alma e realidade do autor e do leitor, dois seres em relação de épocas e espaços distantes, mas que utilizaram o seu tempo em algum momento, um para escrever e o outro para ler as mesmas linhas.
    A exposição “Cotidiano” conta com a curadoria e organização de Jordan Lemos e permite um novo contato com os textos de Aquiles Dutra numa proposta diferente. Os textos serão exibidos em quadros acompanhado das ilustrações do artista plástico de Taguatinga, Bruno Matos, possibilitando uma experiência sensorial trazendo a dimensão visual a palavra escrita, no confronto da sensibilidade dos dois artistas. A exposição permanece nas paredes da Galeria Olho de Águia de 01 a 15 de fevereiro.
 
O DOM DO LIMÃO
Se os passos pudessem ser grandes e fortes,
largos e firmes,
a neblina que flutua nos ares da rua,
fosse talvez menos densa,
mais branda e,
quem sabe,
o nevoeiro não existisse se a luz fosse eterna....
Se o gosto de sorrir
Estivesse sempre vivo dentro de cada um,
As esperanças das derrotas seriam menos eficazes e,
O sentido de vencer estaria cada vez mais,
Crescendo dentro de um ser....
Se o mel da vida,
Estivesse existindo na existência
Tanto quando o dom do limão
Esse amargo na boca
Seria um pouco mais suportável...
Se a morte fosse um sonho,
A vida seria mentira,
Irreal para todos aqueles que se dizem vivos...
Aquiles Dutra
06/1978
 
 
CALÇADA VAZIA
Que vida sem graça tem sido esses meus dias.
Que vida sem riso tem sido essa falta de alegria.
Que vida sem cor tem sido essa minha tela
sem amor e às vezes com dor.
Que a vida nublada tem sido o meu caminhar na calçada vazia.
Que vida sem jeito tem sido esse meu desencanto
no dia a dia daqueles que eu rodeio.
Que vida um tanto amarga tem sido esse gosto de limão
no clarão das luas e sóis dos meus pensamentos.
Que vida sem flor
sem rosas e
com espinhos tem sido a existência desse mato vivo
nesse bobo jardim.
Que vida sem música
Tem sido esse instrumento que é
o meu coração.
Aquiles Dutra
01/01/1997
 
VERDADE DE UM RISO
Já tive sonhos de adolescente bem maiores
que esse meu quarto de adulto.
Tive sim,
Sonhos lúcidos quando a
maturidade não era verdade.
Parece que prefiro hoje,
os sonhos abstratos de uma pessoa não sábia.
Deixei de sorrir há muito.
Deixei de ser alegre e,
o riso é apenas uma mera
falta do que fazer.
O Riso é um erro,
é uma inverdade...
É,
Um desastre.
Esse é o meu riso.
Riso louco,
doido,
maluco,
inconstante.
Simplesmente vazio e ébrio.
Aquiles Dutra
22/06/1999

Exposição COTIDIANO:. Do poeta Aquiles Dutra. pelo Projeto Artista do Bairro

 
Abertura: Dia 01 de Fevereiro de 2019, a 15 de Fevereiro. às 20h.

Local: Galeria Olho de Águia (CNF 01, Edifício Praiamar, Loja 12 – Taguatinga Norte)

Horário: De terça a sabado - 18h às 01h / Sábado – 18;30h às 01h

Entrada franca.

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